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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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MASCULINO OU FEMININO – UMA REFLEXÃO SOBRE A DISFORIA DE GÉNERO

Rita Amaro1, Sofia Vaz Pinto1, Maria Francisca Magalhães1, Juan Sanchez1

1 – Psiquiatria da Infância e Adolescência, Área da Mulher e da Criança, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- XXIX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência Entre Levadas e Veredas: Os caminhos da saúde mental na infância e adolescência

Resumo:
Introdução: Disforia de género (DG) refere-se ao desconforto ou stress causado pela discrepância entre o sexo biológico, características sexuais primárias ou secundárias físicas e a identidade de género experienciados pelo indivíduo. O diagnóstico pode ser realizado segundo a DSM-5 se uma criança experienciar uma marcada incongruência entre o sexo de nascença e o género experienciado durante pelo menos 6 meses e apresentar 6 dos 8 critérios descritos, sendo um critério sine-qua-non o desejo forte de ser do sexo oposto.
Objetivos: A propósito de um caso clínico de uma criança e da Proposta de Lei nº 75/XIII/2ª que propõe o direito à Autodeterminação de Género, foi feita uma revisão da literatura acerca da DG, principais fatores etiológicos, comorbilidades e possível evolução para, assim, propor uma reflexão acerca desta temática.
Metodologia: Foi realizada uma revisão seletiva da literatura no PubMed e B-On com as palavras “Gender Dysforia”, “Gender Development”, “Gender Non Conformity”, “Transsexualism”, “Gender Dysforia Etiology”. Ilustração com um caso clínico, através de desenhos de auto-retratos de uma criança seguida na consulta de Pedopsiquiatria.
Conclusão: Inúmeros fatores podem estar na base da etiologia da DG nomeadamente fatores inatos/anatómicos, fatores relacionados com o ambiente em que a criança está inserida e as relações com a família e os pares. A psicopatologia a preceder ou concomitante com o início da DG é muito comum, sendo mais frequentemente patologia do foro internalizante. DG na infância está muito associada com outcome homossexual ou bissexual. Vários estudos sugerem que a maioria das crianças (80-95%) que experienciam DG na infância aceita o género de nascença na adolescência tardia e fim da idade adulta. Torna-se essencial a realização de mais estudos para melhor compreender a não conformidade de género e poder, assim, tomar decisões políticas assentes em dados concretos e relevantes.

Palavras Chave: Disforia de Género, Evolução, Género, Pedopsiquiatria, Transsexualidade.