1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Mulher, da Criança e do Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
- 19º Congresso Nacional de Pediatria; Lisboa, 24-26 de Outubro de 2018 (poster com discussão)
Introdução: Conforme referências nacionais e internacionais, um número significativo das mortes em cuidados intensivos pediátricos é precedido de uma decisão de limitação ou de retirada terapêutica (DLRT). Tomadas de decisão sobre limitação de investimento exigem intervenção conjunta dos médicos da UCIP e dos médicos assistentes. A análise dos sobreviventes de DLRT não tem sido, no entanto, objeto de avaliação regular. Analisar a situação dos doentes com DLRT que tiveram alta da UCIP.
Métodos: Estudo retrospectivo de 13 anos (01/2005 a 12/2017) das crianças com DLRT transferidas da UCIP, com análise estatística por SPSS®.
Resultados: Durante este período, houve 4318 internamentos (doença crónica 65%; demora média 7,8 dias; PRISM médio 4,45) e uma mortalidade de 3.95% (n=171). Foi decidida limitação da terapêutica em 2.5%/110 dos internamentos. Destes, 89 (81%) faleceram na UCIP e 21 sobreviveram (idade =2/2 anos, p=0,570; PRISM =15/6, p<0,001; demora =7/14 dias, p=0,167; respetivamente). Nos falecidos (n=10), a mediana de tempo desde a transferência até ao óbito foi de 2,1 meses (mín. 0/máx. 1465 dias). Os vivos (n=11) têm atualmente idade mediana de 7 anos (min. 2/máx. 15 anos) e todos apresentam atraso de desenvolvimento e seguimento multidisciplinar; 35% fazem alimentação por gastrostomia e 20% têm suporte ventilatório. Um doente está institucionalizado.
Conclusões: Conforme descrito, na maioria das crianças com DLRT o óbito ocorreu durante o internamento. As que sobrevivem requerem seguimento multidisciplinar beneficiando de uma organização precoce de cuidados continuados.
Palavras Chave: cuidados intensivos, decisões de limitação e retirada terapêutica, investimento, mortalidade, multidisciplinar.