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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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LIGAÇÕES (IM)POSSÍVEIS? A PROPÓSITO DE UM CASO DE ANOREXIA MENTAL NA 1ª INFÂNCIA

Cláudia Martins Cabido1, Maria João Nascimento2, Susana Pereira2, Sílvia Afonso3, Filipa Santos4, Mónica Dias5

1 - Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, Centro Hospitalar do Oeste, Caldas da Rainha
2 - Unidade de Primeira Infância, Centro de Estudos do Bébé e da Criança, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3 - Unidade de Desenvolvimento, Centro de Estudos do Bébé e da Criança, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
4 - Unidade de Gastroenterologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
5 - Laboratório de Nutrição, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 19º Congresso Nacional de Pediatria, Centro de Congressos do Estoril, 24 a 26 de outubro de 2018, (comunicação oral ou poster)
- 1ªs Jornadas do Centro de Estudos do Bebé e da Criança, Lisboa, 4 de junho de 2018, (comunicação oral ou poster)

Resumo:
Apresentamos o caso clínico de uma criança do sexo masculino que foi referenciada à Unidade da Primeira Infância (UPI), aos 2 anos e 10 meses, por perturbação do comportamento alimentar grave, com repercussão importante no seu estado ponderal.
Relativamente aos antecedentes pessoais, destaca-se ser o 1º filho, parto de termo, sem intercorrências, com peso nascimento adequado à idade gestacional, que faz fórmula para lactentes exclusiva até aos 4 meses, sem intercorrências e com boa progressão ponderal (P50). Inicia a diversificação alimentar aos 4 meses e gradualmente vai tendo episódios de vómitos durante a refeição. Aos 6 meses, cruza as curvas de percentil até ao P3. Aos 8 meses por persistência do quadro, a mãe recorre por sua iniciativa à consulta de gastrenterologia pediátrica, tendo efetuado exames complementares de diagnóstico, mas sem identificação de causa orgânica.
Iniciou suplementação nutricional e foi pedida a colaboração da terapia da fala, para treino da mastigação. A progressão ponderal foi sempre muito débil e a relação com a comida foi-se tornando cada vez mais difícil e seletiva, motivo pelo qual foi ponderada a hipótese de internamento para suporte nutricional.
Quando chegou à UPI, o seu aspeto frágil e emagrecido contrastava com o olhar vivo e sério. Tinha uma recusa para sólidos. Não mastigava nenhum alimento. Tudo o que comia era passado…e a olhar para um ecrã de telemóvel. Tinha um percentil de peso <3. Da história familiar há a destacar o conflito entre a mãe e o avô materno e história precoce de dificuldades da mãe em amamentar, com introdução de LA aos 3 dias de vida.
A necessidade de criar uma rede consistente e alargada de cuidados foi uma necessidade sentida desde o 1º contacto. 
Com a apresentação deste caso clínico, as autoras propõem realçar a importância do trabalho multidisciplinar e da colaboração estreita entre serviços e em equipa e a importância do diagnóstico e referenciação precoces das perturbações alimentares persistentes que emergem durante a 1ª infância. Será ilustrado o modelo de intervenção terapêutico realizado. A proximidade e a importância das diferentes valências dos técnicos implicados, revelou-se essencial na evolução do quadro clínico.

Palavras Chave: anorexia, equipa multidisciplinar, intervenções terapêuticas, perturbações alimentares