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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Introdução de corpo estranho na uretra – uma raridade na população pediátrica

Sofia Ferreira de Lima1, Mafalda de Castro1, Ana Cebola2, António Pinheiro2, Fernando Ferrito2, Isabel Pimenta de França1

1 - Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
2 - Serviço de Urologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca

- Apresentado no XXII Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa Cirurgia Pediátrica

Resumo:
Introdução: A introdução de corpos estranhos na uretra pelo próprio, ocorre raramente na população pediátrica. As queixas são: dor peniana, disúria, hematúria, retenção ou infeção urinárias. Os motivos são a doença psiquiátrica, chamada de atenção, estimulação sexual ou curiosidade.
Relato de caso: Apresentamos o caso clínico de uma criança de sexo masculino com 11 anos, saudável, que foi levada ao serviço de urgência pediátrico por queixas de dor peniana, algumas horas após ter introduzido uma agulha de coser na uretra, através do meato urinário. Negava outras queixas, nomeadamente hematúria. Ao exame objetivo palpava-se um corpo estranho na base peniana, não se observando sinais de traumatismo genital. Realizou radiografias póstero-anterior e de perfil da região pélvica, que confirmou a presença de um corpo estranho rádio-opaco compatível com o descrito. Iniciou profilaxia antibiótica e foi submetido a uretrocistoscopia tendo-se visualizado uma agulha com cerca de 8 cm de comprimento, localizada na porção proximal da uretra esponjosa, sem aparente perfuração uretral. Procedeu-se à sua remoção endoscópica utilizando uma pinça de corpos estranhos, com simultânea compressão extrínseca manual do pénis e do períneo para facilitar a remoção e impedir a migração distal. Teve alta 24 horas depois, após avaliação social e com indicação para terminar um ciclo de antibioterapia. A criança foi referenciada para consulta de Psicologia.
Conclusões: A remoção de corpos estranhos localizados na uretra realiza-se por: extração manual, uretrocistoscopia, uretrotomia ou cistostomia supra-púbica. O follow-up deve ser prolongado para despiste de complicações tais como: falsos trajetos uretrais, uretrite, lacerações da mucosa uretral e estenoses. Devido à elevada probabilidade de recidiva, é necessário seguimento psicológico.

Palavras Chave: (Corpo estranho; uretra;pediátrico; uretrocistoscopia; urologia)