Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
- 61º Congresso Português de Oftalmologia, Vilamoura, Dezembro 2018 (Apresentação oral)
Introdução e objectivos: A inflamação orbitária não infecciosa em idade pediátrica é uma entidade rara, com etiologias variadas que exige uma abordagem diagnóstica orientada por forma a atingir o sucesso terapêutico.
Materiais e métodos: Estudo retrospectivo de casos de inflamação orbitária não infecciosa em idade pediátrica (entre os 4 e os 15 anos) observados no Centro Hospitalar Lisboa Central entre 2010 e Agosto de 2018.
Resultados e discussão: Dos 6 doentes avaliados, 3 apresentavam um quadro de orbitopatia tiroideia, 2 uma miosite isolada e o restante paciente uma inflamação orbitária idiopática. Dos 6 doentes estudados, 4 eram do sexo feminino, 2 do sexo masculino e a média global de idade à apresentação foi de 9 anos. No exame inicial 5 doentes apresentavam dor, 3 hiperemia conjuntival, 2 proptose, edema periorbitário e diplopia e apena 1 apresentou diminuição da acuidade visual. Os métodos complementares diagnóstico utilizados variaram consoante a apresentação. Foi feita avaliação analítica a todos os doentes, exame de imagem em 4 dos casos e 1 foi submetido a biópsia. Os doentes diagnosticados com orbitopatia tiroideia foram categorizados como apresentando formas leves da doença tendo sido mantidos sob vigilância e lubrificação ocular como complemento do controlo da função tiroideia, encontrando-se assintomáticos até à data. Os doentes com miosite foram medicados com corticoterapia sistémica, com uma duração média de 4 meses, tendo ocorrido 1 recidiva, com resolução completa após novo ciclo de corticoide. O caso de inflamação orbitária idiopática (diagnóstico de acordo com resultado anatomopatológico) apresentou uma imediata resposta à corticoterapia sistémica, iniciada após biópsia, com recidiva subsequente às tentativas de descontinuação da mesma. Foi iniciada imunossupressão com metotrexato com boa evolução e ausência de recorrência das queixas após redução sistemática da corticoterapia.
Conclusão: A inflamação orbitária em idade pediátrica é na maior parte dos casos de etiologia infecciosa, geralmente associada a patologia dos seios perinasais. Os casos de inflamação não infecciosa são raros e o seu diagnóstico diferencial inclui, entre outras, a orbitopatia tiroideia, doença linfoproliferativa e inflamação idiopática, que deverá ser sempre um diagnóstico de exclusão.
Palavras Chave: Inflamação orbitária, oftalmologia, orbitopatia tiroideia, inflamação orbitária idiopática