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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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INFLAMAÇÃO ORBITÁRIA EM IDADE PEDIÁTRICA

Miguel Boncquet Vieira, Ana Duarte, Catarina Xavier, Fernando Fernandes, Cristina Brito, Diogo Hipólito, Nuno Coelho, Alcina Toscano

Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- 61º Congresso Português de Oftalmologia, Vilamoura, Dezembro 2018 (Apresentação oral)

Introdução e objectivos: A inflamação orbitária não infecciosa em idade pediátrica é uma entidade rara, com etiologias variadas que exige uma abordagem diagnóstica orientada por forma a atingir o sucesso terapêutico.
Materiais e métodos: Estudo retrospectivo de casos de inflamação orbitária não infecciosa em idade pediátrica (entre os 4 e os 15 anos) observados no Centro Hospitalar Lisboa Central entre 2010 e Agosto de 2018.
Resultados e discussão: Dos 6 doentes avaliados, 3 apresentavam um quadro de orbitopatia tiroideia, 2 uma miosite isolada e o restante paciente uma inflamação orbitária idiopática. Dos 6 doentes estudados, 4 eram do sexo feminino, 2 do sexo masculino e a média global de idade à apresentação foi de 9 anos. No exame inicial 5 doentes apresentavam dor, 3 hiperemia conjuntival, 2 proptose, edema periorbitário e diplopia e apena 1 apresentou diminuição da acuidade visual. Os métodos complementares diagnóstico utilizados variaram consoante a apresentação. Foi feita avaliação analítica a todos os doentes, exame de imagem em 4 dos casos e 1 foi submetido a biópsia. Os doentes diagnosticados com orbitopatia tiroideia foram categorizados como apresentando formas leves da doença tendo sido mantidos sob vigilância e lubrificação ocular como complemento do controlo da função tiroideia, encontrando-se assintomáticos até à data. Os doentes com miosite foram medicados com corticoterapia sistémica, com uma duração média de 4 meses, tendo ocorrido 1 recidiva, com resolução completa após novo ciclo de corticoide. O caso de inflamação orbitária idiopática (diagnóstico de acordo com resultado anatomopatológico) apresentou uma imediata resposta à corticoterapia sistémica, iniciada após biópsia, com recidiva subsequente às tentativas de descontinuação da mesma. Foi iniciada imunossupressão com metotrexato com boa evolução e ausência de recorrência das queixas após redução sistemática da corticoterapia.
Conclusão: A inflamação orbitária em idade pediátrica é na maior parte dos casos de etiologia infecciosa, geralmente associada a patologia dos seios perinasais. Os casos de inflamação não infecciosa são raros e o seu diagnóstico diferencial inclui, entre outras, a orbitopatia tiroideia, doença linfoproliferativa e inflamação idiopática, que deverá ser sempre um diagnóstico de exclusão.

Palavras Chave: Inflamação orbitária, oftalmologia, orbitopatia tiroideia, inflamação orbitária idiopática