Faculdade de Ciências Médicas/NOVA Medical School/UNL. CHLC, Hospital Dona Estefânia. Lisboa. Portugal
- Aula em Curso de Pós-graduação em Medicina Neonatal. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Católica Portuguesa. 16 Fevereiro 2018
A infecção de origem hospitalar (IH) em unidades de cuidados intensivos neonatais (UCIN) é muito frequente. As causas para a elevada prevalência são múltiplas; a mortalidade contudo não é muito elevada, devido sobretudo ao facto de os agentes mais frequentes serem pouco agressivos. No entanto, a morbilidade associada à infecção não é frequentemente contabilizada. Nesta aula iremos abordar o âmbito do problema no que respeita a frequência, custos, agentes e suas características e consequências a curto, médio e longo prazo. No Registo Nacional da IH em UCIN a infecção sistémica ocorre em 8% dos doentes tratados, é 4 vezes superior no RN com peso ao nascer (PN) inferior a 1000g e entre 3 a 4 vezes superior no RN com PN <1500 e no RN operado; 60% dos microorganismos são Staphylococcus coagulase negativa dos quais 92% são meticilino resistentes. Os Staphylococcus aureus são, de longe, menos frequentes e cerca de 27% são meticilino resistentes. Um estudo realizado apenas numa UCIN demonstrou que, independentemente da idade gestacional e de intervenção cirúrgica a IH aumenta a estadia média em cerca de 31 dias, tempo responsável por um acrescimento de 22 mil euros de custos de internamento. Os estudos de Haller publicados na Eurosurveillance em 2016 demonstraram que episódios de IH são responsáveis por alterações do neurodesenvolvimento, paralisia cerebral, alterações da visão e da audição. Não menos preocupantes são as IH víricas sobretudo as respiratórias cuja repercussão sobre a função respiratória pode ser marcante. Há medidas que podem contribuir para diminuir a taxa de IH: diminuição da prematuridade, higiene adequada das mãos, administração precoce de leite materno, mãe presente na UCIN, estabilidade das equipas de profissionais de saúde, política correcta de antibióticos, cuidados com os CVC e outros dispositivos invasivos e, finalmente, educação da família e das equipas de saúde.
Palavras-chave: Infecção de Origem Hospitalar, Recém-Nascido, Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais.