Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais. Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central EPE. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa
- III Jornadas de Patologia Clínica do CHLC 2012. 21-22/05. Hospital de Dona Estefânia, Lisboa (Palestra)
Os estudos de colonização são dispendiosos e a sua utilidade é frequentemente questionada. Os resultados podem induzir procedimentos errados, dispendiosos e controversos com potencial efeito adverso na flora microbiana e na saúde dos doentes. A colonização é um processo natural na aquisição da flora do indivíduo mas, geralmente, é um precedente necessário à infecção e em meio hospitalar, pode ter um papel importante no desenvolvimento de infecção nosocomial. Existe uma acalorada discussão sobre a necessidade dos estudos de colonização e o papel e a extensão das medidas de isolamento decorrentes deste procedimento. Os autores que defendem o "sim" alegam que os doentes colonizados constituem uma população desconhecida, um reservatório de infecção desconhecido com potencial para disseminação, podendo provocar doença grave e surtos incontroláveis. Os defensores do "contra" alegam que os recursos económicos são escassos, os custos elevados e que os estudos não têm força suficiente para suportar o esforço e a prática decorrente desse conhecimento. Unidades que recebem doentes graves com tempos de internamento prolongados noutras unidades e que não tenham a política de estudar o doente admitido nestas condições, podem ser palco de surtos de infecção hospitalar causada por microrganismos multirresistentes antes que saibam que admitiram um doente colonizado. O doente colonizado com bactérias multirresistentes deve ser sujeito a isolamento de contacto, uma vez que as precauções universais não são suficientes para a contenção da bactéria. A Circular Normativa da DGS de 24/07/2009 determina que os doentes colonizados devem ser devidamente assinalados em caso de transferência mas, o conhecimento do estado de colonizado pressupõe o estudo da colonização. Por isso cada Unidade/Serviço ou hospital, deve ter uma política ou procedimento de estudos de colonização de modo a limitar o pedido de estudos de colonização e poupar material no isolamento de contacto.
Palavra-chave: estudos de colonização, bactérias multirresistentes, surtos, infecção hospitalar.