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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ESTRIDOR NO LACTENTE – UM SINAL COMUM COM UMA ETIOLOGIA POUCO FREQUENTE

Maria Soto-Maior Costa1 ; Inês Madureira2 ; Beatriz Costa1 ; José Cabral2 ; Rui Rodrigues3 ; Rita Machado1

1 - Unidade de Pediatria Médica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Unidade de Gastrenterologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3 - Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Reunião institucional – Reunião temática semanal da Área da Mulher, Criança e Adolescente do Hospital Dona Estefânia, 30 de outubro de 2018
- 19º Congresso Nacional de Pediatria

Resumo:
Introdução: O espectro de patologias que se incluem no diagnóstico diferencial de estridor pode ser reduzido tendo em conta a forma de apresentação e a faixa etária em que ocorre. Em lactentes, o estridor bifásico e persistente deve-se mais frequentemente a uma causa congénita que condicione obstrução fixa da via aérea, seja por compressão extrínseca, massas intraluminais ou alterações da parede.
Relato de caso: Lactente de 5 meses, sexo masculino, internado desde o nascimento em Hospital Pediátrico Terciário, com história de prematuridade (32s+5d), baixo peso ao nascer e atrésia do esófago com fístula traqueo-esofágica corrigida, com refluxo gastroesofágico grave e sem independência alimentar. Por apresentar respiração estridulosa progressivamente mais evidente e episódios de dispneia com necessidade de aporte adicional de oxigénio (maioritariamente não relacionados com a alimentação), realizou broncofibroscopia que revelou traqueomalácia no 1/3 médio (lúmen de 40 a 50%) associada a impressão pulsátil na parede anterior da traqueia, compatível com tronco arterial braquiocefálico. Realizou angio-TC que confirmou o diagnóstico de síndrome de compressão da artéria inominada, com moldagem da traqueia e brônquio principal esquerdo, tendo sido submetido a aortopexia, com boa evolução clínica.
Conclusões: A síndrome de compressão da artéria inominada pertence ao grupo dos anéis vasculares, e estes estão frequentemente associados a outras malformações congénitas, incluindo as fístulas traqueoesofágicas. O tratamento cirúrgico é reservado aos casos sintomáticos, que correspondem a uma minoria de doentes. Este caso alerta-nos para a importância da exclusão de causas menos comuns de estridor persistente em lactentes, em especial naqueles com malformações congénitas identificadas.

Palavras Chave: anéis vasculares, estridor, lactente, síndrome compressão artéria inominada