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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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E DEPOIS DE UM ABORTO ESPONTÂNEO? UMA REFLEXÃO DE CARIZ PSICODINÂMICO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA VINCULAÇÃO E DOS AFETOS

Rita Amaro1, Joana Isaac2, Sofia Vaz Pinto1, Francisca Magalhães1, Juan Sanchez1

1 – Psiquiatria da Infância e Adolescência, Área da Mulher e da Criança, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 – Psiquiatria de Adultos, Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA

- 1.ªs Jornadas de Psiquiatria e Saúde Mental do CH Barreiro Montijo, reunião nacional, publicado sob a forma de resumo e poster

Resumo:
Introdução: A Organização Mundial de Saúde define interrupção espontânea da gravidez (IEG) como a suspensão de uma gravidez antes que o feto seja capaz de vida extra-uterina independente. Embora uma IEG continue a ser vista como um evento que não terá qualquer impacto no funcionamento psicológico da mulher, constitui um evento traumático que se relaciona com incertezas relacionadas com a competência para conceber um filho.
Objetivos: Propor uma reflexão sobre o impacto das IEG na vinculação numa gravidez seguinte e possível relação com os afetos e relação mãe-filho após o nascimento e na vida.
Metodologia: Revisão seletiva da literatura no PubMed e B-On com as palavras “spontaneous abortion”, “prenatal attachment”, “mother-child relationship”.
Resultados: As teorias da vinculação baseiam-se no conceito de que é um processo individual que ocorre não só após o nascimento, como também, na experiência pré-natal. Numa gravidez subsequente à morte de um filho, o bebé imaginário coincide em certa parte com o bebé perdido. A mãe apresenta desejos contraditórios de dar à luz um filho vivo ou de continuar unida a outro falecido. Mulheres com história de IEG parecem apresentar sintomatologia depressiva e ansiedade. Algumas mulheres, esquivam-se do investimento emocional com o feto, outras reagem com sobrenvolvimento, sem espaço. O luto deve ser realizado de modo a que o novo filho não seja confundido com o precedente e que não seja reparador da ferida narcísica dos pais, tão frequentemente com dificuldades de adaptação social e familiar.
Conclusão: Parecem existir evidências de que após uma IEG há uma vinculação pré-natal mais baixa na gravidez seguinte. Este facto torna clara a importância de haver apoio psicológico após uma IEG de forma a que seja feito o luto do filho e a preparação psicológica para acolher o filho seguinte.

Palavras Chave: Depressão Pós-parto, Interrupção Espontânea Gravidez, Vinculação