1 - Unidade de Adolescentes, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.;
2 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- Sala de Conferências do HDE, 6 de Novembro de 2012 (Apresentação).
A adolescência é um período de experimentação. O consumo de substâncias pelos adolescentes continua a ser uma importante causa de mortalidade e morbilidade nesta faixa etária e é influenciado por uma complexa interacção entre factores biológicos e psicossociais.
O padrão de consumo de substâncias de adição tem-se alterado significativamente nos últimos anos. Embora o tabaco e o álcool continuem a ser as substâncias mais consumidas, o aumento das drogas ditas legais (p.e. canabinóides sintéticos vendidos como incenso) e o aparecimento de novas drogas sintéticas (p.e. gamahidroxibutirato), tem colocado o pediatra face a novos problemas relativos à abordagem, rastreio, tratamento e prevenção de complicações a longo prazo relacionados com estas drogas.
Apresenta-se o caso clínico de um adolescente de 15 anos que após consumo de uma substância de venda livre (mefedrona - vendida como fertilizante); desenvolveu quadro de agitação psicomotora, ideação delirante e alucinações seguido período de catatonia atípica, com a duração de 5 dias, após o qual recuperou mantendo alguma sintomatologia psicótica. Discutem-se as complicações que este consumo despoletou, nomeadamente quadro de catatonia atípico bem como o aparecimento de alterações neuropsiquiátricas a longo prazo, e as dificuldades de diagnóstico e abordagem.
Pretende-se com esta comunicação alertar para a problemática da circulação de novas drogas, as questões que colocam em termos de diagnóstico e abordagem e eventuais complicações agudas e a longo prazo. Reveste-se de especial importância a implementação de protocolos de orientação tanto na suspeita como no consumo destas substâncias.
Palavras-chave: droga recreativa, adolescente, mefedrona.