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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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E DEPOIS DAS PERTURBAÇÕES REGULATÓRIAS DO PROCESSAMENTO SENSORIAL? - QUE RESPOSTAS TEM O DSM-5?

Cláudia Gomes Cano1, Leonor Sá Machado2, Catarina Garcia Ribeiro1, Sandra Pires1, Mariana Farinha1, Ana Moreira1, Joana Macieira2, Luísa Queiroga1, Joana Mesquita Reis1, Pedro Caldeira da Silva1

1 - Especialidade de Pedopsiquiatria, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Serviço de Pedopsiquiatria, Hospital de São Francisco Xavier, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa

- XXIX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência – Entre Levadas e Veredas, Funchal, 12 a 14 de abril de 2018
- 23rd World Congress of the International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions, Praga, República Checa, 23 a 27 de julho de 2018

Resumo:
Introdução: As Perturbações Regulatórias do Processamento Sensorial (PRPS) constituem uma categoria diagnóstica desde o manual de classificação diagnóstica DC 0-3, contudo nunca foram incluídas no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM) por se considerar que que os dados existentes atualmente são insuficientes para as validar como uma entidade clínica distinta. Este estudo pretende compreender que possíveis diagnósticos têm estas crianças na idade da latência e adolescência e de que intervenções terapêuticas necessitam, tentando contribuir para o esclarecimento da questão se PRPS constituem uma condição pré-mórbida para o desenvolvimento de outras patologias ou se este diagnóstico deveria ser considerado uma entidade nosológica distinta.
Objetivos: Caracterizar a amostra de crianças com diagnóstico de PRPS que recorreram a consulta na UPI entre 2006 e 2013; aferir o estado e seguimento médico atual, terapêutica farmacológica, outras intervenções terapêuticas e que diagnóstico atual apresentam de acordo com o DSM-5.
Metodologia: Estudo Retrospetivo e de follow-up recorrendo a consulta de processos clínicos. Avaliação do estado atual realizada por via telefónica através de uma entrevista estruturada aos principais cuidadores e da aplicação da escala SDQ. Informação submetida a processamento estatístico (em SPSS®), com análise descritiva e correlação de variáveis. Amostra de conveniência.
Resultados: Cinquenta e cinco crianças obtiveram o diagnóstico de PRPS (N=55), sendo que 47 dos seus cuidadores responderam a entrevista telefónica estruturada (n=47). Nenhuma associação foi encontrada entre o subtipo de PRPS e diagnóstico atual inferido de acordo com o DSM-5 ou perceção dos pais sobre estado atual da criança. Foi encontrada associação significativa entre diagnóstico de PRPS e resultados anormais nas subescalas de Problemas de Hiperatividade e Comportamento do SDQ.
Discussão e Conclusão: A grande dispersão de diagnósticos encontrada no presente permite colocar as hipóteses de que as PRPS deveriam ser consideradas como categoria diagnóstica independente ou de que as alterações do processamento sensorial poderão ser comuns a vários quadros psicopatológicos. Será importante realizar estudos prospetivos nas crianças com este diagnóstico para perceber se as PRPS poderão ser incluídas como categoria diagnóstica no DSM no futuro.

Palavras Chave: Classificação Diagnóstica, Perturbação Regulatória do Processamento Sensorial, Primeira Infância