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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Diabetes tipo 1 de início precoce: será diferente nas crianças mais novas? - MAIOR INCIDÊNCIA… DIAGNÓSTICO MAIS PRECOCE

Madalena Sales Luis, Margarida Alcafache, Ana Laura Fitas, Sara Ferreira, Joana Simões Pereira, Íris Caramalho, Lurdes Lopes, Catarina Limbert.

Unidade de Endocrinologia Pediátrica; Hospital de Dona Estefânia; Área da Mulher, Criança e Adolescente; Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.

- Sessão Clínica da Área da Mulher, Criança e Adolescente; Hospital de D. Estefânia; Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central; 26 de Junho de 2018.
- 19º Congresso Nacional de Pediatria (poster).

Introdução: O diagnóstico de diabetes tipo 1 (DT1) em idades mais jovens (≤ 5 anos) é uma tendência evidente nos últimos anos. No entanto são raros os estudos que caracterizam a doença de início precoce.
Objetivos: comparar crianças com DT1 de início antes e depois dos 5 anos de idade em relação a autoimunidade, gravidade de apresentação da doença e controlo metabólico um ano após o diagnóstico.
Métodos: estudo retrospetivo em crianças com o diagnóstico de DT1 entre 2008 e 2017, divididas pela idade de início da doença (ID≤ 5 anos e ID> 5 anos). Foram avaliadas as seguintes variáveis: história pessoal de outras doenças autoimunes, forma de apresentação da doença, péptido-C ao diagnóstico, autoanticorpos (Acs), dose diária total de insulina (DDTI) e HbA1c um ano após o diagnóstico. A análise estatística foi realizada com recurso aos programas GraphPad Prism® e SPSS®com significado estatístico definido para p<0,05.
Resultados: 131 crianças (53 ID ≤ 5 anos e 79 ID > 5 anos), distribuição por género semelhante. Observou-se maior frequência de outras doenças autoimunes no grupo ID ≤ 5 anos (p<0,0003). Em relação à gravidade de apresentação não houve diferenças entre os dois grupos, mas o grupo ID ≤ 5 anos mostrou valores de péptido-C inferiores (p=0,0063) na avaliação analítica inicial. Este grupo apresentou ainda uma % de neutrófilos significativamente mais baixa (p<0,0001) e maior contagem absoluta e % de linfócitos (p<0,0001). Encontrou-se uma associação inversa entre níveis de péptido-C e contagem absoluta e percentual de linfócitos (p=0,046; p=0,038) na avaliação inicial. O grupo ID ≤ 5 anos tem menor número de Acs positivos do que o ID > 5 anos - anti-GAD (p=0,015), anti-IA2 (p=0,01) e anti-AIA (p<0,0001). Um ano após o diagnóstico, os valores de HbA1c foram sobreponíveis, mas o grupo ID ≤ 5 anos apresentou uma DDTI mais elevada (p=0,003). 
Discussão: os nossos dados mostram uma associação entre inicio precoce de DT1 e outras doenças auto-imunes, menor nº de Acs, menor reserva inicial de insulina (valores mais baixos de péptido-C) - embora sem estar associado a apresentação clínica mais grave - e maior necessidade de insulina um ano após o diagnóstico para um controlo metabólico semelhante. Neste grupo a imunidade inata mais do que a imunidade adquirida poderá assumir um papel importante na lesão das células β pancreáticas. Neste estudo, em ambos os grupos etários, a distribuição do leucograma pode ser considerado um indicador de gravidade da doença.

Palavras Chave: Diabetes mellitus tipo 1; diagnóstico em idade precoce; leucograma.