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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DEFICIÊNCIA DE HORMONA DE CRESCIMENTO: IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PRECOCES

Bernardo Marques1, Sónia Madeira Gomes2, Joana Serra Caetano3, Rita Cardoso3, Isabel Dinis3, Alice Mirante3, Ana Laura Fitas2, Catarina Diamantino2, Catarina Limbert2, Rosa Pina2, Lurdes Lopes2

1 - Serviço de Endocrinologia; Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil.
2 - Unidade de Endocrinologia Pediátrica; Hospital de Dona Estefânia; Área da Mulher, Criança e Adolescente; Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
3 - Unidade de Endocrinologia Pediátrica; Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

- Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica 2018 (comunicação oral)

Introdução: O tratamento com hormona de crescimento (HC) é seguro e melhorou muito a abordagem de crianças e adolescentes com deficiência de hormona de crescimento (DHC). Alguns estudos demonstram que a maior parte do aumento estatural associado ao tratamento com HC ocorre em idade pré-pubertária. O objetivo do nosso estudo foi avaliar o efeito da idade no início do tratamento e a sua duração, na estatura final, em crianças com défice isolado de HC ou com défices hipofisários múltiplos.
Métodos: Foi realizado um estudo retrospetivo e comparativo de 92 doentes que completaram o tratamento com HC em dois centros terciários do país. Os parâmetros avaliados incluíram sexo, diagnóstico, estatura alvo familiar (EAF), estatura no início e final do tratamento e duração do tratamento durante a pré-puberdade. Aquando o início do tratamento, crianças do sexo feminino com <10 anos e do sexo masculino com <11 anos (grupo 1; n = 42) foram comparados com crianças do sexo feminino com ≥10 anos e do sexo masculino com ≥11 (grupo 2, n = 50 pacientes). A análise estatística foi realizada usando os testes-t para amostras emparelhadas e para amostras independentes.
Resultados: A maioria dos doentes foram diagnosticados com défice isolado de HC (n = 66; 72%) e eram do sexo masculino (n = 60; 65%). A idade média no início do tratamento foi de 10,1 ± 4,5 anos (grupo 1 - 5,9 ± 3,3 vs grupo 2 - 13,4 ± 1,6; p <0,001) e a duração média do tratamento foi de 6,2 ± 3,9 anos (grupo 1 - 9,3 ± 2,8 vs grupo 2 - 3,7 ± 1,4; p <0,001). Os doentes do grupo 1 tiveram mais anos de tratamento em idade pré-pubertária (6,3 ± 3,1 vs 0,37 ± 0,5; p <0,001). No início do tratamento, a média do desvio padrão da estatura (SDS) foi semelhante em ambos os grupos [-2,8 ± 1,7 SDS vs -2,9 ± 0,8 SDS; p = 0,624), mas no final do tratamento foi superior no grupo 1 (−1 ± 1,2 SDS vs −1,5 ± 0,7 SDS; p = 0,012]. Verificou-se maior ganho estatural (ΔESDS) no grupo 1 no final do tratamento (+ 1,8 ± 2,1 SDS ), em comparação com o grupo 2 (+ 1,4 ± 0,8 SDS); p = 0,02), assim como menor diferença entre a estatura final (SDS) e a EAF (SDS) (grupo 1 +0,2 ± 1,5 vs grupo 2 -0,7 ± 1; p= 0,009).
Discussão: Os nossos resultados demonstram que, nesta coorte de crianças portuguesas com DHC, uma idade mais jovem no início do tratamento associa-se a uma estatura superior no final do tratamento, salientando-se a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces.

Palavras Chave: deficiência de hormona de crescimento; tratamento com hormona de crescimento; estatura final.