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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Complicações raras pós-timpanoplastia

Marisa Rosário1; Margarida Bento1; Ivo Moura1; Isabel Correia1; Herédio Sousa1; Ezequiel Barros1.

1- Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- Reunião Nacional - Congresso da SPORL - apresentação sob a forma de poster

Resumo: 
Introdução: O colesteatoma, uma lesão do ouvido médio constituída por epitélio queratinizado, pode surgir como complicação da otite médica crónica (OMC) e associa-se a uma morbilidade significativa. Existem diversas teorias explicativas para a sua patogénese, sendo que a da migração epitelial pode explicar parcialmente a sua ocorrência em doentes previamente submetidos a timpanoplastia. A labirintite ossificante (LO) é uma causa rara de hipoacusia sensorioneural (HSN). Trata-se de uma patologia multifactorial, cuja fisiopatologia continua em estudo, mas sabe-se que a inflamação, o trauma e a doença alérgica podem ter um papel contributivo. É caracterizada por destruição de estruturas do ouvido interno pela neoformação óssea, sendo a espira basal da cóclea a área anatómica mais frequentemente atingida.
Objectivos: Apresentação de caso clínico de uma criança com complicações raras após timpanoplastia tipo I de Portmann, com revisão da literatura actualmente relevante sobre o tema.
Material e métodos: Os autores apresentam a descrição de um caso clínico de OMC submetida a timpanoplastia, complicada com labirintite ossificante com fixação do estribo e colesteatoma intra-timpânico. Foi realizada uma breve revisão da literatura em língua inglesa publicada entre Janeiro de 2009 e Janeiro de 2018, utilizando o motor de busca PubMed.
Resultados: Doente de 11 anos, sexo masculino, com antecedentes pessoais de OMC, asma alérgica e perturbação de hiperactividade e défice de atenção, seguido em consulta de Otorrinolaringologia por OMC esquerda com perfuração ântero-inferior, tendo sido submetido a timpanoplastia tipo I em 2013. No pós-operatório, desenvolveu quadro de hipoacusia mista severa de novo, apresentando inicialmente neotímpano íntegro, sem outras alterações à otoscopia. Realizou tomografia computorizada (TC) que revelou alterações compatíveis com labirintite ossificante, posteriormente confirmadas por avaliação com ressonância magnética (RM). Em avaliações subsequentes otoscopia revelou retracção global da MT, com presença de uma massa mesotimpânica de aspecto nacarado. Nesta altura, a repetição do estudo por TC revelou espessamento da MT com pequena imagem de morfologia ovalada centrada na MT. A RM posteriormente realizada, foi feita com sequência de difusão, contudo sem se confirmar a suspeita de colesteatoma dadas as pequenas dimensões da lesão. O doente foi submetido a timpanotomia exploradora esquerda, tendo-se constatado colesteatoma intra-timpânico, que se removeu, e fixação do estribo, com manutenção da mobilidade da restante cadeia.
Conclusões: O colesteatoma intra-timpânico e a labirintite ossificante são patologias extremamente raras no período pós-operatório da timpanoplastia tipo I. Apresenta-se este caso pela invulgar conjugação destas complicações no contexto clínico.

Palavras Chave: colesteatoma, labirintite ossificante, otite média crónica, timpanoplastia.