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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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BLOQUEIO MAXILAR INFRAZIGOMÁTICO BILATERAL ECOGUIADO IN PLANE PARA REPARAÇÃO DE FENDA PALATINA – UMA NOVA ABORDAGEM

Teresa Estevens, Maria Máximo, Gabriela Costa, Hugo Trindade

1 - Anestesiologia, Área de Anestesiologia, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Amadora
2 - Anestesiologia, Área de Anestesiologia, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Amadora
3 - Anestesiologia, Área de Anestesiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central
4 - Anestesiologia, Área de Anestesiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central

Reunião nacional sob a forma de poster

Resumo:
Introdução: A fenda palatina é um defeito congénito com prevalência de 1.5/ 10.000 nascimentos1. A apresentação clínica é variável (unilateral, bilateral, completa, incompleta, atípica) e pode afetar os processos de sucção e deglutição nos recém-nascidos, pelo que a reparação cirúrgica não deve ser adiada. Trata-se de um procedimento cirúrgico comum e bastante doloroso. Está associado a risco significativo de obstrução da via aérea e complicações respiratórias no pós-operatório, com risco acrescido se forem administrados opióides no peri-operatório. A injeção de anestésico local (AL) na fossa pterigopalatina (FPP) permite o bloqueio do nervo maxilar (NM) e dos seus ramos, proporcionando uma analgesia adequada para esta cirurgia. Esta técnica parece levar a uma redução do consumo de opióides no intra e pós-operatório. Ao contrário da abordagem ecoguiada out-of-plane anteriormente descrita, a abordagem in plane permite a visualização direta do percurso da agulha até à FPP.2, 3
Caso clínico: Criança de 4 meses, sexo masculino, 6 Kg, ASA I, com diagnóstico de fissura lábio-alvéolo-palatina esquerda, proposto para queiloplastia e estafilorrafia. Procedeu-se à indução inalatória com sevoflurano seguida de cateterização de acesso intravenoso periférico. Foram administrados fentanil (2 mcg/kg), propofol (3 mg/kg) e rocurónio (0,6 mg/kg), seguido de intubação oro-traqueal e ventilação em modo volume controlado. Realizou-se o bloqueio infrazigomático bilateral, ecoguiado com abordagem in plane, com recurso a sonda linear 12 MHz e administrados 1 ml ropivacaína 0,2% (0,15 ml/kg) de cada lado após a identificação da FPP (entre a maxila e a grande asa do esfenóide). Analgesia adjuvante com Paracetamol (7,5 mg/kg) e Metamizol (20 mg/kg). Registou-se estabilidade hemodinâmica durante a cirurgia, sem necessidade de analgesia adicional na unidade de cuidados pós-anestésicos.
Discussão: O NM é a segunda divisão do nervo trigémio e fornece inervação sensitiva à pálpebra inferior, lábio superior, pele entre as duas regiões, mucosa do palato e véu palatino, dentes do arco superior e região gengival do maxilar. A injecção de AL na FPP bloqueia o NM, providenciando maior conforto e controlo da dor pós-operatória, com redução do uso de opióides e do tempo de recuperação. Esta técnica ecoguiada permite uma eficácia analgésica superior com menor risco de complicações relativamente à utilização de referências anatómicas e ao bloqueio isolado dos ramos do nervo maxilar. A obtenção da imagem e inserção da agulha in plane acrescenta ainda a vantagem de visualização de todo o processo, aumentando o perfil de segurança da técnica.
Pontos de Aprendizagem: O bloqueio maxilar ecoguiado com abordagem infrazigomática in plane parece ser uma técnica analgésica simples, segura e eficaz para a cirurgia de reparação da fenda palatina.

Palavras Chave: Bloqueio maxilar, ecografia, fenda palatina