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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ANOREXIA NERVOSA RESTRITIVA E AMENORREIA

Maria do Rosário Stilwell, Joana Faustino, Margarida Alcafache, Leonor Sassetti

- Unidade de Adolescentes, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

Sessão Clínica da Área da Mulher e da Criança do Hospital Dona Estefânia, de 22 de Maio de 2018, Lisboa, Portugal.

Introdução: A Anorexia Nervosa Restritiva (ANR) é a doença do comportamento alimentar mais comum e está associada a uma morbimortalidade significativa; apesar de a adolescência ser a idade mais frequente de apresentação, têm surgido, cada vez mais casos no final da infância. Embora na mais recente revisão do DSM – 5 a amenorreia tenha sido retirada como critério diagnóstico, continua a ser um sinal clínico relevante não só no diagnóstico como, mais tarde, na recuperação do estado nutricional.
Objectivos: Nesta sessão procuraremos transmitir o estado da arte sobre os determinantes do início e resolução da amenorreia na anorexia nervosa restritiva, ilustrando com alguns casos clínicos da Consulta de Medicina de Adolescentes.
Métodos: Revisão bibliográfica sobre amenorreia na anorexia e análise retrospectiva de casos clínicos.
Resultados: A profunda restrição calórica tem implicações no equilíbrio endócrino-metabólico que se refletem no desenvolvimento pubertário, resistência à insulina, função tiroideia, sistema músculo-esquelético, cardiovascular e atcognitivo. Na adolescência, a amenorreia é uma das manifestações mais frequentes e resulta da supressão da secreção hipotalâmica de gonadotrofina (GnRH). O mecanismo do bloqueio e normalização da função hipotalâmica tem sido relacionado com múltiplos factores, nomeadamente índice de massa gorda, cortisol e leptina circulante.
Conclusões; Amenorreia na ANR é hipotalâmica hipogonadotrofica, resultante da restrição calória e balanço energético negativo. Relaciona-se com outras alterações metabólicas, como diminuição da leptina circulante, aumento da secreção de grelina, hipercortisolémia. O hipoestrogenismo tem consequências imediatas mas também a longo prazo, nomeadamente ginecológicas, esqueléticas e psíquicas. Factores de recuperação dos ciclos menstruais com ligação mais evidente são amenorreia primária, diferencial entre peso antes e após restrição, hipercortisolémia durante restrição a recuperação de massa gorda. Recuperação dos ciclos menstruais e do IMC está associada a recuperação parcial da densidade mineral óssea – sem normalização. Diminuição da densidade mineral óssea pode ser grave.

Palavras Chave: Amenorreia, Anorexia Nervosa Restritiva, Hipercortisolémia