1 - Unidade de Infecciologia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 – Serviço de Radiologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
XIV Congresso Nacional de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica e XII Congresso Nacional VIH/SIDA
Introdução: Os doentes pediátricos infetados pelo VIH são hoje adolescentes e jovens adultos. Atendendo ao risco cardiovascular associado à infeção VIH e à terapêutica da mesma, são um grupo com risco acrescido para doença cardiovascular precoce, com alterações estruturais precoces do leito vascular arterial e fatores de risco pró-trombóticos.
Objetivos: Avaliar o impacto da infeção VIH nos marcadores de doença cardiovascular precoce.
Material e métodos: Estudo prospectivo, de Março a 2015 e Outubro de 2018 (44 meses), em doentes com idade igual ou superior a 12 anos, infetados pelo VIH e seguidos num hospital de nível III. Avaliaram-se parâmetros demográficos, clínicos, laboratoriais e ecográficos (consideraram-se alterados índices >0,5 para idades inferiores a 18 anos e >0,8 para idades superiores a 18 anos).
Resultados: Total de 22 doentes, com mediana de idade de 15 anos (mín-12, max-23), 59% do sexo masculino e 68% melanodérmicas. Na maioria dos casos (86%), a transmissão ocorreu por via vertical. Todos estavam sob terapêutica antirretroviral desde o diagnóstico com inibidores de protease, 81,8% tinham carga viral indetetável, 86% apresentavam CD4+ ≥500cél/uL e nenhum CD4+ <200cél/uL. Em um doente havia hábitos tabágicos. Verificou-se IMC com P≥85 em seis doentes (IMC≥40 n=3) e pré-hipertensão em seis e hipertensão grau I em um. O estudo do perfil lipídico revelou colesterol total elevado em 10 (P75-95 n=7; P95 n=3), colesterol-LDL em 7 (P75-95 n=4; P95 n=3), colesterol-HDL P<25 em 11 e triglicerídeos P≥95 em 5 doentes. Nenhum tinha glicémia em jejum alterada. Do estudo ecográfico da espessura da íntima-média carotídea, registaram–se alterações (≥P75 para idade e sexo) em ?/? abaixo dos 18 anos de idade e ?/? acima dos 18 anos.
Conclusão. Compreender e intervir nos mecanismos subjacentes que determinam um aumento do risco cardiovascular, através de uma abordagem multidisciplinar, é fundamental para modificar o fenótipo vascular destes doentes.
Palavras Chave: alterações vasculares, espessura íntima, VIH