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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ALERGIA A BETALACTÂMICOS – A NOSSA EXPERIÊNCIA DE 2014 AO PRESENTE

Tânia Gonçalves, Cátia Alves, Ana Romeira, Pedro Carreiro Martins, Sónia Rosa, Paula Leiria Pinto

Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa

Reunião Nacional, apresentação sob a forma de Póster na 39º Reunião Anual da SPAIC, Figueira da Foz, 28 a 30 de setembro de 2018

Resumo:
Objectivo: Caracterizar a população com alergia confirmada a antibióticos betalactâmicos (BL) num Serviço de Imunoalergologia (IAL) entre janeiro 2014 e junho 2018.
Metodologia: Análise retrospetiva dos processos clínicos dos doentes que realizaram testes cutâneos (TC) por picada (TCP) e intradérmicos (TID) a BL. Recolheram-se dados demográficos, origem da referenciação, fármaco implicado, clínica, (TC), IgE específicas (sIgE) e provas de provocação oral (PP0). Considerou-se alergia a BL quando sIgE, TC ou PPO para BL suspeito/alternativo positivos.
Resultados e conclusões: Realizaram TC a BL, 291 doentes de 385 referenciados por suspeita de reação de hipersensibilidade (HS), tendo a alergia sido confirmada em 56 (19,2%). A maioria (n=39; 69,6%) era do sexo feminino, mediana 46,5 anos; (min: 5 anos, máx: 85 anos); 17,9% em idade pediátrica. Os fármacos suspeitos foram a amoxicilina + ácido clavulânico (n=25), penicilina (n=13), amoxicilina (n=9), cefuroxima (CXM) (n=3), cefazolina (n=3), ceftriaxona (n=1) e 3 doentes não sabiam especificar o BL. A maior parte dos doentes foi referenciada pelos Cuidados de Saúde Primários (n=22) e pelo Serviço de Urgência (n=12). 85,7% dos doentes apresentava queixas cutâneas, 33,9% respiratórias, 27,6% cardiovasculares e 8,6% gastrointestinais. Em 44,6% a clínica era compatível com anafilaxia. As reações de HS imediata ocorreram em 20 doentes, as não imediatas em 28 e em 8 casos desconhecia-se o tempo decorrido até à reação. A maioria (60,7%) tinha história pessoal de doença alérgica. As sIgE foram positivas em 4 (1,4%), os TC em 38 (13,1%) e as PPO em 16 (5,5%) doentes, sendo que destes 1 tinha sIgE e TID positivos e outro TID e PPO com alternativo positiva. 8 doentes tiveram TCP positivos e 33 tiveram TID positivos, sendo que em 3 (37,5%) e 20 (60,6%) destes casos, a positividade foi tardia, respectivamente. A realização de TC com BL nos doentes com anafilaxia permitiu confirmar o diagnóstico de alergia em 80% (n=20). Realizaram PPO 42 doentes, tendo esta sido positiva em 16, 12 com o fármaco suspeito e 4 com um BL alternativo. A maioria das reações foram cutâneas. Dos doentes alérgicos, 34 toleram BL alternativo, a maioria a CXM (n=30). A alergia a BL é frequentemente sobrediagnosticada. O reporte de anafilaxia foi comum e a realização de TCs com BLs demonstrou boa sensibilidade diagnóstica e foi segura. Os nossos resultados reforçam a importância da leitura tardia dos TCP e TID. A referenciação à IAL permitiu confirmar a alergia aos BLs e encontrar alternativas terapêuticas.

Palavras Chave: betalactâmicos