1- Serviço de Pediatria Médica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2- Unidade de Desenvolvimento, Centro de Estudos do Bébé e da Criança, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- Reunião do Centro de Estudos do Bebé e da Criança, sob a forma de comunicação oral,
- 1ºs Jornadas do Centro de Estudos do Bebé e da Criança, sob a forma de poster com discussão. Lisboa, 4 de junho de 2018
Resumo:
Os recém-nascidos prematuros são vulneráveis a um amplo espectro de morbilidades. Desde sequelas major a disfunções minor como atraso da linguagem, alterações do comportamento (ex: PHDA) e labilidade emocional.
O objetivo deste trabalho é caracterizar essas vulnerabilidades, com base numa revisão bibliográfica de artigos publicados nos últimos 10 anos, realizada em março de 2018.
A prematuridade é um fator de risco para a aquisição dos pré-requisitos de desenvolvimento psico-motor, nomeadamente a visão, a audição e a integração e modulação sensorial. A acuidade visual é similar em recém-nascidos prematuros e controlos, mas existem défices na perceção e processamento cognitivo da visão, mesmo na ausência de retinopatia da prematuridade.
Estão bem estabelecidos os fatores de risco de défice auditivo em recém-nascidos prematuros (muito baixo peso ao nascer, medicações ototóxicas e ventilação mecânica por exemplo), no entanto, um rastreio neonatal auditivo normal não garante a ausência de problemas auditivos que possam interferir com o desenvolvimento psico-motor.
Estudos apontam para que cerca de metade dos recém-nascidos pré-termo apresenta perturbações do processamento sensorial, principalmente se grandes prematuros e se sofrerem lesões da substância branca, estando relatadas diferenças na reatividade a estímulos tácteis profundos e vestibulares, que podem levar a atraso do desenvolvimento motor e a hiper ou hiporeatividade a estímulos relacionados com o surgimento de alterações comportamentais e cognitivas.
A prematuridade está ainda associada a alterações emocionais e do comportamento, algumas persistindo ao longo da vida.
As crianças com história de prematuridade apresentam um risco acrescido de perturbações do desenvolvimento, da aprendizagem e do comportamento, com maior necessidade de medidas psicopedagógicas de apoio e intervenção por terapias várias.
É fundamental o seguimento atento dos recém-nascidos pré-termo até à idade escolar, de modo a diagnosticar e intervir atempadamente, melhorando a qualidade de vida futura destas crianças.
Palavras Chave: alterações emocionais, alterações de comportamento desenvolvimento psico-motor, diagnóstico precoce, prematuridade.