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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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A DIETA E A ALERGIA ALIMENTAR

Sara Prates

Serviço de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

Apresentação como convidada na 7ª Reunião de Imunoalergologia de Lisboa, 20 de abril de 2018

Resumo:
São abordadas e discutidas as evidências atuais quanto ao papel da dieta na prevenção e no tratamento da alergia alimentar.
No que diz respeito à prevenção, ao longo da última década tem vindo a constatar-se que a abordagem baseada no atraso da introdução dos alimentos mais alergénicos não parece ter evidenciado um efeito benéfico. Pelo contrário, têm vindo a ser publicados estudos observacionais e, mais recentemente, intervencionais, que sugerem que a introdução precoce de alimentos alergénicos pode ter um papel preventivo da alergia aos mesmos. A evidência é ainda limitada e muitas questões permanecem por resolver mas, pelo menos, parece claro que a introdução alimentar precoce não aumenta o risco de alergia alimentar.
Também em doentes com alergia alimentar não foi encontrada evidência sólida de que uma dieta de evicção rigorosa proporcione uma melhor evolução para a aquisição de tolerância. Nos últimos 10 anos foram publicados estudos sugerindo que, no caso concreto da alergia ao leite e ovo, a introdução destes alimentos cozinhados a alta temperatura, em matriz de trigo, quando tolerada, poderá favorecer a aquisição de tolerância. Não é claro se esta abordagem tem, efetivamente, um efeito tolerogénico ou se se limita apenas a identificar os casos que, à partida, têm melhor prognóstico. No entanto tem a vantagem de permitir uma liberalização da dieta, com todos os benefícios que daí advêm.
Embora haja ainda muitas questões sem resposta, perante as evidências atuais parece sensato iniciar a diversificação alimentar entre os 4 e 6 meses de vida, respeitando os hábitos alimentares da população e evitando o atraso de alimentos potencialmente alergénicos para além dos 12 meses. Nas crianças com alergia alimentar, deve ser mantida a ingestão regular do alimento nas formas toleradas e, se necessário, avaliar a tolerância às formas reconhecidamente menos alergénicas em meio hospitalar.