Unidade de Neurocirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia. Centro Hospitalar de Lisboa Central EPE
- Comunicação oral apresentada na Sessão de Melhores Comunicações do Congresso Neuro 2017, 1 a 3 de junho 2017, Funchal
Introdução: A hidrocefalia pós hemorragia intraventricular (HPH) nos recém-nascidos pré-termo é uma das complicações neurológicas major da prematuridade.
Objectivo: Avaliação dos resultados do tratamento cirúrgico dos prematuros com hidrocefalia pós HPH.
Metodologia: Foram analisados os registos clínicos de todos os casos de HPH tratados cirurgicamente na nossa instituição entre janeiro de 2011 e dezembro de 2016.
Resultados: Foram incluídas 29 crianças com o diagnóstico de HPH, operadas em média com 27,8 dias. Em 11 (38%) dos recém-nascidos a gravidez foi gemelar. O parto ocorreu com idade gestacional média de 27 (23-35) semanas e peso médio ao nascer de 1104g (505-2680g). O grau da hemorragia intraventricular foi II num doente (3%), III em 25 (86%) e IV em 3 (10%) recém-nascidos. O procedimento primário foi a implantação de reservatório subcutâneo em 26 (89%) doentes, colocação de derivação ventrículo-peritoneal (DVP) em cinco (17,2%) doentes e realização de derivação ventrículo-subgaleal num doente (3%). As principais complicações foram infeção (14%), fístula de LCR (7%) e hiponatrémia (7%). Em 19 (70%) dos recém-nascidos foi necessária a implantação de shunt definitivo. As sequelas mais frequentemente registadas foram epilepsia, atraso do desenvolvimento psico-motor e compromisso visual e auditivo. Verificaram-se três óbitos durante o período de follow-up.
Conclusões: O tratamento da HPH em prematuros é complexo, nomeadamente quanto ao timing da intervenção e às técnicas utilizadas. A implantação de reservatórios subcutâneos ou derivação ventrículo-subgaleal podem ser utilizadas com segurança como medida temporária.
Palavras-chave: hidrocefalia, prematuridade, hemorragia intraventricular