1. Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
- Comunicação oral no 1º Congresso Multiprofissional do Hospital de Dona Estefânia (Setembro de 2017)
- Comunicação oral no 10º Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva
CASO CLÍNICO: Criança do sexo feminino de um ano de idade, evacuada de Cabo Verde, com diagnóstico pré natal de uretero hidronefrose direita. Com infeção urinária anterior, sob profilaxia com co-trimoxazol. Estudo ecográfico: duplicidade pielo-ureteral direita, pielão superior hidronefrótico, com redução de parênquima. Uretrocistografia miccional retrógrada sem refluxo vesico-ureteral. Renograma: função relativa de rim direito 55%; pielão superior direito 12%, com excreção tardia. Propõe-se cistoscopia e ureteroureterostomia vídeo assistida por megaureter obstrutivo de pielão superior direito por ectopia ureteral.
CIRURGIA: com cistoscópio de 8.5Fr coloca-se stent ureteral duplo J em ureter ortotópico (pielão inferior). Identifica-se ostium de megaureter (pielão superior) distalmente ao colo vesical. Realiza-se laparoscopia com porta umbilical de 5mm, duas de 3 mm (hipocôndrio direito, fossa ilíaca esquerda), instrumental de 3mm e fonte de energia monopolar. Identificam-se ureteres sobre vasos ilíacos que se dissecam e referenciam. Procede-se a inguinotomia (≈2,5cm) e dissecção sob controlo laparoscópico. Realizase anastomose termino-lateral extra-corpórea. No controlo laparoscópico identifica-se anastomose, realizando-se laqueação de extremidade distal de megaureter.
PÓS-OPERATÓRIO: Alta em D2 de pós-operatório, sob profilaxia com co-trimoxazol. Reinternamento em D6 por pielonefrite aguda direita (ecografia: ecos em suspensão de megaureter de pielão superior, sem outras alterações). Feita antibioticoterapia dirigida a E. coli sensível a cefuroxime, que cumpriu por 8 dias. Sem outras intercorrências.
CONCLUSÃO: a uretero-ureterostomia é uma boa indicação cirúrgica dado que permite a descompressão do pielão superior evitando a progressão de uretero hidronefrose assim como da lesão do parênquima renal; também se previne uma eventual incontinência urinária por ureter ectópico. Julgamos ser um procedimento mais seguro e menos agressivo que alternativas – p. ex. reimplantação ureteral, pielopielostomia, heminefrectomia. A realização do procedimento vídeo-assistido aumenta a segurança na identificação e dissecção, apresenta menor risco, invasão e lesão que alternativas, melhorando o conforto pós-operatório e estética, reduzindo o tempo de internamento.
Palavras-chave: cirurgia minimamente invasiva, cirurgia vídeo assistida, laparoscopia, cirurgia pediátrica, urologia