1- Serviço de Pneumologia, Hospital Pulido Valente, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, E.P.E., Alameda das Linhas de Torres, Lisboa, Portugal
2- Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E., Rua Jacinta Marto, Lisboa, Portugal
- XXXIII Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Praia da Falésia, Algarve, 9 a 11 de Novembro de 2017
- Apresentação sob a forma de poster; publicação de resumo
- Reunião Nacional
Introdução: O mesotelioma pleural é uma neoplasia rara com origem nas células mesoteliais da cavidade pleural. É mais frequente no sexo masculino e está fortemente associado à exposição a asbestos. O diagnóstico é efetuado habitualmente por biopsia pleural e o tratamento depende do estadio da doença.
Caso Clínico: Doente do sexo masculino, de 62 anos, raça branca, operário em fábrica de isolamento (contacto com amianto) desde há 45 anos, ex-fumador (15 UMA), com antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, submetido a tiroidectomia por patologia nodular e prostatectomia por hiperplasia benigna da próstata, medicado com vildagliptina/metformina e levotiroxina. Recorreu ao serviço de urgência por quadro caracterizado por dispneia para esforços, tosse produtiva com expetoração mucopurulenta, toracalgia de características pleuríticas e perda ponderal, com 3 meses de evolução. Ao exame objetivo, encontrava-se polipneico, com saturação de O2 em ar ambiente de 93% e auscultação pulmonar com murmúrio vesicular diminuído na base esquerda e fervores crepitantes bibasais. Analiticamente apresentava elevação da PCR (11,2 mg/dL), e a gasometria arterial realizada em ar ambiente demonstrou insuficiência respiratória parcial. A telerradiografia de tórax evidenciou hipotransparência dos dois terços inferiores do campo pulmonar esquerdo com zonas de broncograma aéreo e acentuação difusa do reticulo peribronco-vascular à direita. Neste contexto, foi internado no Serviço de Pneumologia do Hospital Pulido Valente (HPV), tendo iniciado antibioterapia empírica, com ligeira melhoria clínica. A tomografia computorizada de tórax revelou espessamento difuso da pleura mediastínica esquerda e marcado espessamento do interstício dos septos interlobulares e centrilobulares, aspetos atribuíveis a exuberante fibrose pulmonar. Realizou broncofibroscopia com evidência de sinais inflamatórios generalizados e o lavado bronco-alveolar apresentava um padrão de alveolite linfocítica (26%), negativo para células neoplásicas e corpos asbestosos. O estudo funcional respiratório demonstrou uma alteração ventilatória restritiva moderada e um moderado compromisso quantitativo das trocas gasosas ao nível da membrana alvéolo-capitar. Do estudo complementar, salientam-se exames bacteriológicos negativos e estudo autoimune sem alterações. Para esclarecimento do quadro clínico-radiológico realizou biopsia pulmonar por criobiópsia transbrônquica ao nível do lobo inferior direito e lobo médio, cujo resultado histológico revelou neoplasia maligna com morfologia organoide e marcação imunohistoquímica para calretinina, sugestivo de mesotelioma epitelial. O doente foi referenciado ao Hospital de Dia de Pneumologia Oncológica do HPV e, por apresentar performance status de 3, não fez qualquer tratamento dirigido, pelo que se referenciou aos paliativos.
Conclusão: O mesotelioma pleural é uma neoplasia rara, associada à exposição a asbestos, com mau prognóstico. A criobiópsia permite a caracterização histológica de doenças pulmonares, inclusive de patologia neoformativa.
Palavras Chave: mesotelioma, criobiópsia