Unidade de Infeciologia, Departamento de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central – EPE, Lisboa
- Revista Portuguesa de Doenças Infecciosas, volume 12, número 3,
Resumo:
Introdução: Em países desenvolvidos, as infeções por micobactérias são raras mas permanecem um problema nas populações de risco. A tuberculose extrapulmonar é a forma mais frequente da infecção na criança, simulando muitas vezes outras doenças e constituindo, nalguns casos, um verdadeiro desafio diagnóstico.
Casos clínicos: Apresentam-se sete casos de tuberculose extrapulmonar, em crianças entre 2 e 14 anos, em que o diagnóstico original evocava outra etiologia. Dois doentes eram naturais da Guiné-Bissau e três não estavam vacinadas com BCG. Os diagnósticos iniciais foram de osteomielite crónica (n=3), doença linfoproliferativa (n=1), neoplasia da parótida (n=1), úlcera facial crónica (n=1) e encefalite (n=1). Foi a evolução desfavorável que motivou a investigação de outras etiologias. O diagnóstico final foi tuberculose óssea (n=3), linfadenite tuberculosa (n=2), tuberculose cutânea (n=1) e meningite tuberculosa (n=1). Em cinco doentes a prova de tuberculina foi positiva e emquatro identificou-se o caso índice do contágio. O agente implicado foi, na maioria dos casos, Mycobacterium tuberculosis (n=6) e ocorreu um caso por Mycobacterium africanum.
Conclusão: Mesmo em países com baixa incidência de tuberculose, em doentes com fatores de risco e perante uma evolução clínica desfavorável esta infeção deve ser obrigatoriamente investigada.
Palavras Chave: extrapulmonar; fatores de risco; Mycobacterium.