1. Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia- CHLC,
- 10º Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva, 12 a 14 de Outubro, 2017 (vídeo)
Introdução: O Síndrome da Artéria Mesentérica Superior (AMS) resulta da compressão da terceira porção duodenal entre a AMS e a Aorta. A incidência é variável, mas está estimada em 0.013 a 0.3%, afetando mais frequentemente o sexo feminino (2:1). A sintomatologia é variável e inespecífica, e carateriza-se por dor abdominal, enfartamento pós-pandrial, náuseas, vómitos, e perda ponderal. Postula-se como causas: a perda de peso, escoliose, cirurgias ortopédicas, inserção alta do Ligamento de Treitz, emergência baixa da AMS.
Caso clínico: Apresentamos um caso clínico com vídeo que corresponde a uma adolescente de sexo feminino, 16 anos de idade, encaminhada à consulta de Cirurgia Pediátrica pela Gastroenterologista por queixas de dor epigástrica recorrente com cerca de 1 ano de evolução, desencadeadas após a refeição, seguidas de náuseas, tonturas e lipotimia, e que motivaram internamento. Sem antecedentes relevantes. Do estudo complementar, de destacar transito esófago-gastro-duodenal que revelou atraso no esvaziamento gástrico, documentando-se movimentos anti-peristálticos com alguma dificuldade na transposição da terceira porção do duodeno, ao nível do cruzamento vascular. A avaliação complementar com ecografia e Ressonância Magnética revelaram encurtada a distância relativa entre a AMS e a aorta (7.6 mm), bem como diminuição do ângulo entre as mesmas (20 graus). Considerou-se que os achados eram compatíveis com pinça mesentérica, funcionalmente obstrutiva, pelo que a doente foi submetida a cirurgia laparoscópica. Procedeu-se à secção do Ligamento de Treitz, constatando-se preenchimento da primeira ansa jejunal. Não se verificaram intercorrências no pós-operatório, tendo tido alta ao 2º dia de pós-operatório. Não teve episódios de dor abdominal no follow-up.
Discussão: O Síndrome da Artéria Mesentérica Superior é uma patologia pouco frequente na população pediátrica, com sinais e sintomas pouco específicos. É necessário ter alto nível e suspeição para chegar ao seu diagnóstico. Após tentativa de tratamento conservador as opções cirúrgicas incluem: a gastrojejunostomia, a duodenojejunostomia, que se trata da opção de eleição em adultos e, no caso de população pediátrica, o procedimento de Strong. Este é um procedimento simples e menos invasivo pois permite manter a integridade intestinal, contudo não é eficaz em 25% dos casos.
Palavras-chave: síndrome da artéria mesentérica superior; laparoscopia