1Serviço de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
2CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School, Lisboa, Portugal
- 38ª Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, Figueira da Foz, 6 a 8 de Outubro de 2017
- Apresentação sob a forma de poster; publicação de resumo
- Reunião Nacional
Resumo:
Introdução: A dermatite de contato alérgica (DCA) é uma reacção de hipersensibilidade retardada do tipo IV. Os testes epicutâneos (TE) são considerados o gold standard para o diagnóstico de DCA. Existem poucos estudos que avaliam a frequência de alergénios e a sua relevância clínica na DCA em idade pediátrica.
Objetivos: Determinar a frequência e perfil de sensibilização a alergénios nos doentes em idade pediátrica referenciados, ao nosso Serviço para realização de TE.
Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes pediátricos que realizaram TE, utilizando a série-padrão do GPDC e produtos pessoais, de 2009 a 2016. Avaliou-se a frequência de sensibilização e as principais substâncias sensibilizantes. Os alergénios foram considerados clinicamente relevantes se existiam no ambiente do doente, a dermatite correspondia ao local de contacto com os mesmos, observava-se melhoria com a evicção e agravamento com a reexposição. Avaliou-se ainda coexistência de doenças alérgicas e de atopia (avaliada por testes cutâneos por picada (TCP)).
Resultados: Foram incluídos 21 doentes, dos quais 14 (67%) tiveram pelo menos uma sensibilização demonstrada. Em 71% destes doentes as sensibilizações foram clinicamente relevantes. 81% eram do sexo feminino, idade mediana de 14 anos (mínimo 8; máximo 18); 16 doentes realizaram TCP e 10 (62%) eram atópicos; 12 (57%) tinham rinite/rinoconjuntivite, 7 (33%) tinham asma e 3 (14%) tinham eczema atópico. Todos os TE com produtos pessoais (n=5) foram negativos. As sensibilizações observadas mais frequentes foram ao níquel (Ni) (78,6% n = 11), cloreto de cobalto (28,5% n = 4), mistura de caínas (21,4% n = 3); mistura de fragrâncias (14,3% n = 2) p-fenilenodiamina (14,3% n = 2). Nove doentes (64% dos doentes com resultados positivos) tiveram sensibilização a mais que um alergénio e em 6 o alergénio implicado foi o Ni. Dos 11 doentes sensibilizados ao Ni, 10 eram do sexo feminino e a dermatite localizava- -se predominantemente na área periumbilical, mãos e pálpebras. Todos os doentes sensibilizados ao cloreto de cobalto eram do sexo feminino, 3 estavam sensibilizados também para outros alergénios e as pálpebras foram a localização mais comum.
Conclusões: A frequência de sensibilização a alergénios específicos é comum em doentes em idade pediátrica referenciados para realização de TE. A maioria dos doentes observados apresenta sensibilização ao Ni, o que está de acordo com o descrito na literatura.
Palavras Chave: Dermatite contacto pediátrica, alergénios de contacto