1. Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
- Comunicação oral no Congresso Nacional de Cirurgia Pediátrica (Novembro de 2017)
O presente estudo tem como objetivo caracterizar a população de doentes de um hospital terciário submetidos a ressecção atípica do pulmão. Com esta abordagem evita-se uma ressecção anatómica, poupando-se pulmão saudável. Pode ser realizada por toracotomia ou toracoscopia. A maioria dos doentes elegíveis para esta abordagem têm o diagnóstico de metástases tumorais secundárias (Mx) ou a presença de blebs pleurais em associação a pneumotórax primário (PT). Apesar de não ser uma técnica inovadora, pouco tem sido discutido e publicado acerca desta abordagem na população pediátrica. Assim, este estudo pretende caracterizar a nossa população de doentes e avaliar o sucesso da abordagem assim como da nossa atitude terapêutica.
Identificaram-se os processos clínicos online dos doentes internados no período compreendido entre Janeiro de 2010 e Novembro de 2016 com o diagnóstico de PT (ICD-9:5128) ou de Mx (ICD-9:1971), submetidos a intervenção cirúrgica. Incluíram-se aquele submetidos a ressecção atípica do pulmão que se dividiram em 2 grupos – Mx (9 casos) e PT (16 casos) - num total de 18 doentes, 14 do sexo masculino e 11 do feminino (56%vs44%); identificaram-se 25 procedimentos (16 toracoscopias vs 9 toracotomias - 64%vs36%; avaliação anestésica pré-operatória (pela American Society of Anesthesiology e de I para IV) 1, 16, 8, 0 (4%vs68%vs32%vs0%). Os casos de Mx deveram-se a: tumor de Wilms 7, osteossarcoma 1, cancro testicular 1 (78%vs11%vs11%); 6 doentes com PT tinham asma (37,5%). Não se registaram outras co morbilidades relevantes. 3 casos apresentavam Mx bilateralmente e 2 casos apresentavam PT contra lateral. Não se registaram complicações operatórias em nenhum dos grupos. Registaram-se duas recidivas de PT, submetidos a nova ressecção atípica por toracoscopia com bom resultado. No grupo de Mx não se registaram recidivas.
Todos os doentes com Mx foram abordados por toracotomia e todos com PT por toracoscopia. A toracoscopia ter vindo a ser favorecida nos últimos anos, contudo discute-se se é a abordagem ideal nos casos de Mx. A informação táctil do cirurgião possível por toracotomia torna-a maioritariamente aceite, apesar da maior morbilidade associada. A toracoscopia é uma ótima abordagem para a ressecção atípica do pulmão, sendo o doente com PT um excelente candidato. A nossa casuística parece refletir a atual “tendência cirúrgica” com excelentes resultados. Todavia, este estudo não permite a avaliação dos doentes a longo prazo, na vida adulta, e a sua amostra é pequena, por tal consideramos que são necessários mais estudos prospetivos desta abordagem em idade pediátrica.
Palavras-chave: cirurgia minimamente invasiva, torascoscopia, toracotomia, ressecção pulmonar, cirurgia pediátrica.