1. Serviço de Cirúrgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia- CHLC
2. Hospital Curry Cabral - Centro Hospitalar Lisboa Central
- Congresso da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica, 10 e 11/11/17 (Poster)
Introdução: O tratamento não cirúrgico é o gold standart nos traumatismos fechados do baço em doentes pediátricos hemodinamicamente estáveis, com uma taxa de sucesso superior a 90%. Os pseudoaneurismas (PA) esplénicos pós-traumáticos na população pediátrica são raros. A incidência e a história natural destas lesões ainda não está bem definida. A rotura espontânea de PA pode levar a hemorragia maciça, com consequências catastróficas.
Caso clínico: Apresentamos o caso clínico de uma criança de 6 anos, sexo masculino, que recorreu ao Hospital por traumatismo da grelha costal com dor abdominal intensa associada, após embate no corrimão de escadas de piscina. Por descida da hemoglobina (11,2 para 10,4 g/dl), foi transferido para avaliação por Cirurgia Pediátrica. Ao exame objetivo de salientar: ligeira taquicardia de 119 bpm, normotenso (108/57mmHg); à auscultação apresentava murmúrio vesicular diminuído à esquerda; o abdómen era ligeiramente doloroso à palpação dos quadrantes esquerdos. Realizou ecografia abdominal complementada por TC abdominal que revelou pequena fratura esplénica polar inferior e hematoma sub-capsular extenso superior a 50% (trauma esplénico Grau III), além de pequeno derrame pleural esquerdo, sem outras alterações. No internamento manteve estabilidade hemodinâmica e sem queixas álgicas espontâneas. Ao 5º dia pós-trauma realizou ecografia de controlo que revelou várias imagens líquidas que na avaliação com Doppler apresentavam fluxo turbulento definindo-se traçados arteriais e venosos. Estes achados eram sugestivos de PA’s pós-traumáticos. Posteriormente verificou-se nas ecografias com Doppler de controlo e Angio-TC um aumento dimensional dos PA’s (o maior com 52 x 18 mm), condicionando empurramento da cápsula esplénica. Apesar da estabilidade hemodinâmica e da ausência de sintomatologia do doente, por sinais imagiológicos sugestivos de evolução para pré-rotura esplénica, decidiu-se intervenção radiológica no 22º dia pós-traumatismo. Procedeu-se à angio-embolização de PA com Squid 18® e cianoacrilato. Posteriormente evoluiu bem, tendo tido alta ao 5º dia após o procedimento. Sem outras intercorrências num follow-up de 6 meses.
Discussão: A angio-embolização profilática sob circunstâncias controladas é obviamente preferível em relação a intervenção cirúrgica ou radiológica no decurso de hemorragia após rotura de PA. Contudo, persiste a controvérsia relativamente ao follow-up imagiológico e às estratégias terapêuticas dos PA’s quando estes são identificados.
Palavras-chave: pseudoaneurisma pós-traumático; baço; angioembolização