1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.;
2 - Serviço de Patologia Clínica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- 33ª Reunião Anual SPAIC, Fátima, 5 a 7 Outubro de 2012 (Poster).
Introdução: A Urticária Crónica/Angioedema (UC/A) é rara em idade pediátrica, existindo pouca informação disponível na literatura sobre as características da doença em crianças.
Objetivo: Caracterizar a população pediátrica com UC/A seguida numa consulta de Imunoalergologia, relativamente a eventuais fatores etiológicos, duração do quadro, curso natural, resposta ao tratamento e prognóstico.
Material e Métodos: Foi efetuada uma avaliação retrospetiva dos doentes com UC/A com menos de 18 anos, num período de 3 anos. Foram avaliados os dados demográficos, duração da urticária, resposta ao tratamento, fármacos utilizados, avaliação laboratorial e doenças atópicas concomitantes.
Resultados: Foram estudados 74 doentes com idades compreendidas entre os 3 meses e os 18 anos (Média Etária: 10,5 ± 4,8 anos). A relação masculino/feminino foi de 1:1,3. A urticária surgiu de forma isolada em 54% dos doentes e acompanhada de angioedema em 23% dos casos. Em 23% das situações verificou-se angioedema isolado. Oito doentes apresentavam urticária ao frio com teste de cubo de gelo positivo. Verificaram-se alterações analíticas em 41 doentes, maioritariamente relacionadas com a imunidade à infeção por EBV (21 doentes). Oito doentes com anticorpos antinucleares positivos, sem queixas do foro reumatológico, permanecem em vigilância em consulta e 5 mantêm o quadro de urticária. Dos 5 doentes com alterações da função tiroideia, 2 mantêm a urticária, estando um deles medicado com levotiroxina. Observou-se uma boa resposta à terapêutica diária instituída em 58% dos casos (anti-histamínico com/sem montelucaste). A UC/A durou em média 2,6 anos (0,25 - 14 anos) e 39% dos doentes mantêm lesões atualmente. Ocorreu resolução das queixas aos 12 meses em 39% dos casos. Da população em estudo, 45% tinha doença alérgica e 26% testes cutâneos positivos para aeroalergenos.
Conclusão: A avaliação analítica não permitiu encontrar uma causa para a urticária na maioria da população estudada, pelo que parece não se justificar a utilização de painéis laboratoriais extensos. A resposta ao tratamento foi favorável, com bom controlo sintomático com fármacos seguros. A duração média do quadro é superior à relatada na literatura, provavelmente pelo facto de a amostra abranger uma extensa faixa etária. A maioria dos casos resolveu-se nos dois primeiros anos e nas situações de maior duração houve uma boa resposta ao tratamento e ausência de evolução para quadros mais graves.
Palavras-chave: urticária, criança, investigação laboratorial.