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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PAPILOMATOSE RESPIRATÓRIA RECORRENTE – EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Joana Ximenes Araújo 1, Inês Cunha, Inês Moreira1, Herédio Sousa1, Ezequiel Barros1

1. Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;

- Terceiras Jornadas de ORL Pediátrica, 2017, 17-18/11/2017, Vila Nova de Gaia (Comunicação Livre)

Introdução: A papilomatose respiratória recorrente (PRR) de tipo juvenil, apesar de rara, é a neoplasia benigna da via aérea mais comum na população pediátrica, sendo causada pelo papiloma-vírus humano (HPV). O objetivo deste trabalho foi estudar a evolução clínica da PRR numa população pediátrica.
Material e métodos: Estudo retrospetivo descritivo de casos clínicos de doentes diagnosticados com RRP, num hospital terciário pediátrico, num período de 8 anos (Janeiro de 2008 – Dezembro de 2016). 
Resultados: Foram estudadas 10 crianças com RRP, com idades de diagnóstico entre os 5 meses e os 9 anos. A maioria dos doentes era de raça negra (7/10), do sexo masculino (6/10). Dos doentes com tipagem de HPV (4/10), 2 apresentavam HPV-6 e dois HPV-11.O score de Dercay inicial foi de 2 a 11. As cordas vocais foram o local mais afetado e com maior gravidade, sendo que houve um caso de manifestação faríngea exclusiva. Três doentes tiveram traqueostomizados temporariamente. Durante o tempo de estudo realizaram-se 163 procedimentos cirúrgicos para exérese de papilomas. A criança com maior número de tratamentos foi submetida a 21 procedimentos. Na grande maioria dos procedimentos realizou-se exérese com microdebrider. Cinco doentes realizaram tratamento adjuvante off-label (após consentimento parental) com Cidofovir intralesional (5 mg/mL, <2 mL de volume/injeção, média de 2,2 injeções/doente). A média de Dercay score prévio ao tratamento foi de 7,5, com média 3 meses pós-tratamento de 2,8. No entanto, todos os doentes agravaram posteriormente, não havendo diminuição no número de cirurgias necessárias ou tempo entre estas. Foi administrada a vacina quadrivalente anti-HPV a 6 doentes, de forma off-label (após consentimento parental).
Conclusões: A RRP é uma patologia com alta taxa de recorrência, carecendo de múltiplas intervenções cirúrgicas. A terapêutica adjuvante com Cidofovir intralesional pode ser útil, embora com resultados a longo prazo aparentemente limitados.

Palavras-chave: papilomatose respiratória recorrente, Cidofovir, papilomavirus