1. Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Barreiro, Portugal
2. Centro Hospitalar Lisboa Central - Hospital Curry Cabral, Lisboa, Portugal
3. Centro Hospitalar de Setúbal - Hospital Ortopédico de Sant'Iago do Outão, Setubal, Portugal
4. Hospital de Vila Franca de Xira, Vila Franca De Xira, Portugal
5. Centro Hospitalar Lisboa Central - Hospital D. Estefania, Lisboa, Portugal
- Poster, V Congresso Nacional de Ortopedia Infantil / XXII Jornadas de Ortopedia Infantil, Março de 2017
Objectivo: Descrever uma causa rara de claudicação da marcha e podalgia em idade pediátrica, a propósito de dois casos clínicos.
Métodos: Tratam-se de dois doentes do sexo masculino, de 4 anos e 6 anos, observados no serviço de urgência por queixas de podalgia atraumática e claudicação antálgica da marcha de ritmo mecânico, agravadas pela actividade física. As radiografias do pé afectado, bem como do pé contra-lateral no 1o caso, revelaram a presença de um aumento da densidade óssea e irregularidade marginal das cunhas mediais. Perante o quadro clínico de podalgia isolada, e sinais radiográficos encontrados, colocou-se a hipótese de uma osteocondrose da cunha medial. Um período de repouso e tratamento sintomático com anti-inflamatório e analgésico foi instituído em ambos os casos.
Resultados: Em consulta externa, duas semanas após o episódio de urgência, constatou-se uma remissão completa dos sintomas e reavaliação imagiológica sobreponível.
Conclusão: A osteocondrose dos cuneiformes é uma doença auto-limitada e sem sequelas conhecidas. O envolvimento bilateral está descrito em 60% dos casos. Repouso e analgesia são habitualmente suficientes como terapêutica sintomática, mas existem casos descritos nos quais a utilização de palmilhas ou de um curto período de imobilização gessada foram igualmente benéficos no controlo das queixas álgicas. Um dos pontos mais importantes no tratamento é a tranquilização dos pais relativamente à natureza benigna desta condição.
Relevância: As osteocondroses do pé mais frequentes ocorrem ao nível do navicular (Kohler), 2o metatársico (Freiberg), calcâneo (Sever) e base do 5o metatársico (Iselin). O envolvimento dos cuneiformes é raro, com apenas 18 casos publicados na literatura, maioritariamente rapazes com idade média de 5 anos. As radiografias são geralmente patognómicas e suficientes para o diagnóstico. A falha em reconhecer esta entidade, e providenciar o devido tratamento conservador, pode conduzir a exames e terapêuticas desnecessárias, mais invasivas e potencialmente prejudiciais.