1 – Serviço Imunoalergologia, Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.; 2 - Laboratório de Imunologia, Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- 33ª Reunião Anual SPAIC, Fátima, 5 a 7 Outubro de 2012 (Comunicação Oral).
Introdução: Os vírus respiratórios são uma importante causa de morbilidade e constituem a principal causa de dificuldade respiratória na infância. Os agentes mais frequentes são o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e Rinovirus (RV). Outras agentes menos comuns incluem os vírus Influenza, Parainfluenza, Adenovirus e os mais recentemente identificados Coronavirus, Metapneumovirus e Bocavirus humano. O objectivo do estudo foi caracterizar as infecções por vírus respiratórios numa amostra de crianças internadas.
Métodos: Foi feita uma análise retrospectiva dos processos clínicos de crianças internadas por infecção respiratória com pesquisa de vírus nas secreções, entre 1 de Outubro de 2010 e 15 de Fevereiro de 2012, abaixo dos 5 anos de idade.
Resultados: Foram incluídas 605 crianças e a pesquisa de vírus respiratórios por imunofluorescência directa foi positiva em 258 crianças (42.6%): VSR (n=231, 89.5%), Metapneumovírus (n=8), Influenza A (n=7), Parainfluenza (n=5), Adenovírus (n=2) e 5 casos de co-infecção. O maior número de casos positivos ocorreu entre Dezembro 2010 e Janeiro 2011 (n=104, 40.3% do total de casos positivos) e Dezembro 2011 e Janeiro 2012 (n=69, 26.7% do total de casos positivos). Na admissão, 422 crianças apresentavam dificuldade respiratória (69.8%), com tiragem e sibilos. A infecção por VSR foi mais frequente em crianças abaixo dos 6 meses (50.6%, p<0.0001) e associou-se de forma estatisticamente significativa a dificuldade respiratória (em 88.7% das crianças com infecção por VSR, p<0.0001), hipoxémia (presente em 16.6% das crianças com VSR e em 10.5% das crianças sem infecção por VSR, p<0.01) e corticoterapia sistémica (em 55.3% das crianças com VSR e 21.0% das restantes crianças, p=0.0001).
A prescrição de antibióticos foi mais elevada nas crianças sem dificuldade respiratória (45.5% das crianças com dificuldade respiratória e 64.3% das restantes crianças, p<0.001). A maioria das crianças com antecedentes de sibilância recorrente apresentava dificuldade respiratória na admissão (91.9%, p<0.0001). Não se encontrou qualquer associação entre prematuridade e dificuldade respiratória ou duração do internamento e isolamento de vírus nas secreções respiratórias.
Discussão: Nas infecções respiratórias na infância com necessidade de internamento destaca-se a preponderância de infecções por VSR, com padrão sazonal típico (com pico de incidência nos meses de Inverno) e o maior risco de internamento em infecções por VSR abaixo dos 6 meses de idade.
Palavras-chave: vírus respiratórios; sibilância; internamento.