1- Unidade de Infecciologia; Área de Pediatria Médica; Hospital de Dona Estefânia; Centro Hospitalar de Lisboa Central; Lisboa; Portugal.
2- Unidade de Gastrenterologia, Hepatologia e Nutrição Infantil; Área de Pediatria Médica; Hospital de Dona Estefânia; Centro Hospitalar de Lisboa Central; Lisboa; Portugal.
- Acta Pediatr Port 2017;48:67-72
- Prémios Pfizer Vaccines – SPP atribuídos a trabalhos apresentados no decurso do 16º Congresso Nacional de Pediatria (prémio para casos clínicos).
Resumo:
O diagnóstico diferencial de hepatite colestática aguda na criança em idade escolar previamente saudável inclui múltiplascausas, sendo as infeciosas, tóxicas e autoimunes as mais comuns.
Descreve-se o caso clínico de um rapaz de 10 anos comicterícia prolongada, eosinofilia e evidência bioquímica de lesão hepática de tipo misto (transaminases, fosfatase alcalina,bilirrubina total e direta elevadas), com gama-glutamiltransferase e função hepática normais. Após investigação detalhada,incluindo biópsia hepática, admitiu-se etiologia tóxica, tendo-se identificado consumo recente de chás de Cymbopogon citratus(erva-príncipe) e Equisetum arvense (erva-cavalinha) contaminados com pesticidas. A hipótese de hepatotoxicidade induzidapor chás contaminados com pesticidas foi admitida como a causa mais provável, após exclusão de outras causas de doençahepática e considerando a recuperação total do doente após quatro meses de terapêutica com ácido ursodesoxicólico e evicçãodos referidos consumos. Na última década, assistiu-se a um aumento substancial de publicações referentes a lesão hepáticainduzida por tóxicos (fármacos, suplementos alimentares, produtos de ervanária, metais e mesmo pesticidas). O diagnóstico éde exclusão e requer um elevado índice de suspeição.
Palavras Chave: Chás de ervas; Colestase intra-hepática; Criança; Hepatotoxicidade; Pesticidas.