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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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COMO INTERPRETAR ZARAGATOAS AURICULARES: PORQUE AS PEDIMOS E O QUE FAZEMOS?

Filipa Marujo, Joana Martins, Luís Varandas

1- Equipa Fixa de Urgência, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
2- Equipa Fixa de Urgência, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
3- Unidade de Infecciologia, Área da Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa

XV JORNADAS NACIONAIS DE INFECIOLOGIA PEDIÁTRICA - Sociedade de Infeciologia Pediátrica; Poster em Sala

Resumo:
Introdução: a colheita por rotina de zaragatoas auriculares para exame cultural não está recomendada sendo difícil, em muitos casos, a valorização dos resultados microbiológicos.
Objetivo: analisar os resultados microbiológicos da cultura de exsudados auriculares, colhidos por zaragatoas no Serviço de Urgência Pediátrica (SUP) de um hospital central.
Métodos: estudo retrospectivo do período compreendido entre 1 de Janeiro de 2011 e 31 de Dezembro de 2016.
Resultados: a amostra era constituída por 53 isolamentos, com uma mediana de idades de 36 meses (mín. 7 meses e máx. 9 anos). As razões da colheita foram otorreia crónica (8; 15.1%), otite média crónica e/ou recorrente (30; 56.6%), cirurgia ORL prévia (13; 24.5%) e internamento por suspeita de doença invasiva (9; 17%) tendo sido isolados S. aureus (13; 24.5%), P. aeruginosa (12; 22.5%), H. influenzae (10; 18.9%), S. pneumoniae (5; 9.4%), S. pyogenes (2; 3.8%), Staphylococcuscoagulase negativos (2; 3.8%)). Candidaspp (3; 5,6%). Em 22.6% (12) foram isolados 2 microorganismos. Nas infecções por P. aeruginosa, a duração média da otorreia foi de 3.78 dias, em comparação com a média de 2.77 dias para os agentes mais frequentemente associados a OMA supurada (p=0.376). Os diagnósticos definitivos mais frequentes foram otite média aguda supurada (36; 67.9%), otomastoidite (4; 7.5%) e otite externa (2; 3.8%). Nos doentes com registo da antibioticoterapia a mais usada foi amoxicilina/clavulanato (28.8%) e cefuroxima (15.1%). Em 22 casos (41.5%) houve reobservação no SUP nas quatro semanas seguintes por persistência da otorreia e em 17 casos, houve necessidade de ajuste da antibioticoterapia.
Conclusões: A colheita de zaragatoas auriculares em casos de otorreia fornece pouca informação relevante para a atitude terapêutica e deve ser reservada para casos muito específicos. Apesar de não ser uma prática comum no nosso SU, alguns pedidos carecem de justificação clínica, nomeadamente casos de OMA supurada sem outros factores de risco. A flora colonizadora do CAE, bem como a predisposição para a colonização e infecção secundária (otite externa) por P. aeruginosa e S. aureus dificultam a interpretação dos resultados.

Palavras Chave: otite média aguda, zaragatoas auriculares