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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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AVC ISQUÉMICO DO CEREBELO – DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO E QUANDO INTERVIR

Rute Baeta Baptista1, Andreia Nunes1, Gabriela Pereira1, Marta Oliveira1, Miguel Correia3, Rita Silva2, Margarida Santos1

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa
2 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa
3- Departamento de Neurocirurgia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa

18º Congresso Nacional Pediatria. Porto, 25-27 Out 2017 (poster)

Introdução: O diagnóstico precoce do AVC cerebeloso é dificultado pela variabilidade da apresentação clínica, podendo cursar com morbilidade significativa e mortalidade pelo risco de hidrocefalia e compressão do tronco cerebral.
Caso clínico: Adolescente de 16 anos, sexo feminino, com antecedentes de enxaqueca, tabagismo e anticoncepção oral combinada. Apresenta cefaleia frontal sem alterações ao exame neurológico, que evolui em 48h para cefaleia occipital e cervicalgia posterior intensas, com agravamento vespertino e despertar nocturno, vómitos e ataxia ligeira. A TC-CE é sugestiva de lesão ocupando espaço do hemisfério cerebeloso esquerdo, sendo transferida para hospital terciário após dexametasona IV. Na admissão: GCS 15, sem sinais neurológicos focais e fundoscopia do olho esquerdo com apagamento do bordo nasal da papila e sem pulso venoso. A RM-CE com angio-RM documenta enfarte isquémico subagudo do território da PICA e ASCA esquerdas, com hidrocefalia supratentorial aguda e hipertensão intracraniana. É admitida em cuidados intensivos sob antiagregação e medidas antiedema. Doze horas depois, por agravamento da cefaleia e afundamento do estado de consciência, é submetida a craniectomia descompressiva da fossa posterior. A investigação etiológica é negativa e verifica-se evolução favorável com alta dos cuidados intensivos ao oitavo dia, apresentando apenas ligeira ataxia da marcha.
Conclusão: O AVC cerebeloso pode ter uma apresentação indolente com evolução rápida potencialmente fatal. Não existindo evidência que suporte a intervenção neurocirúrgica preventiva em doentes neurologicamente estáveis, é essencial manter vigilância clínica e imagiológica em cuidados intensivos para permitir intervenções life-saving atempadas.

Palavras Chave: AVC isquémico, cerebelo, hipertensão intra-craniana