1 - Serviço de Infecciologia – Hospital Pedro Hispano, ULS Matosinhos, Matosinhos
2 - Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
- 10ªs Jornadas de Actualização em Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral – CHLC, 28 e 29 de Janeiro de 2016, Lisboa, publicação sob forma integral (Poster)
Resumo:
Introdução Em Portugal, nos últimos 10 anos, foram diagnosticadas 150 crianças infetadas pelo VIH com menos de 15 anos. Desde 2004, as orientações para o rastreio da infeção na grávida e prevenção da transmissão mãe-filho levaram a uma redução exponencial de crianças infetadas. No entanto, continuam a surgir diagnósticos de novo em crianças e adolescentes.
Objetivos Caracterizar os casos de infecção pelo VIH em idade pediátrica, nos últimos 10 anos num hospital de nível III de Lisboa.Material e MétodosAvaliação retrospetiva das primeiras consultas de doentes infetados pelo VIH, entre Janeiro de 2004 e Agosto de 2015. Foram avaliados riscos de transmissão, idade e estadio de imunodepressão na altura do diagnóstico.
Resultados Total de 50 primeiras consultas, 58% do sexo masculino, idade média de 7 anos (máx – 17A, min – 1M). Registaram-se 10/50 no primeiro ano de vida, todos nascidos após 2004. A transmissão ocorreu por via vertical (80%), via sexual (16%) e percutânea (4%). A transmissão vertical em população imigrante ocorreu em 55% (22/40), sendo a maioria de países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Os casos de transmissão sexual 8/50 ocorreram por via heterossexual (5) (2 por abuso sexual) e homossexual (3). Doze crianças nascidas em África já se encontravam a viver em Portugal sendo diagnosticadas em média com 7 anos e a maioria (58%) com sintomatologia da infeção. A maioria dos doentes (47/50) apresentam infeção pelo VIH-1 e três pelo VIH-2 (todos africanos, transmissão vertical). 28% dos doentes (todos por transmissão vertical) estavam no estadio 3 de imunodepressão, tendo a maioria doenças definidoras de SIDA (idade mínima de 5 meses e máxima de 11 anos). Foi iniciada terapêutica antirretrovírica em 66% dos doentes no primeiro ano após o diagnóstico. Até à data não se registaram óbitos, ocorrendo sequelas em 4 casos.
Conclusão Desde 2004, apesar da instituição do rastreio na grávida e parturiente, a transmissão vertical corresponde à maioria dos novos diagnósticos, embora grande parte casos importados. O rastreio precoce em recém-chegados de países de grande endemicidade é fundamental para evitar a evolução da doença. Nos adolescentes, o risco sexual implica a necessidade de um reforço da prevenção. Novas estratégias devem ser adotadas e velhas estratégias reforçadas, nomeadamente nos cuidados primários e saúde pública.
Palavras Chave: VIH; pediátrico; saúde pública; rastreio