1 Interna de Pedopsiquiatria, Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, CHLC
2 Assistente Graduada, Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, CHLC
- Apresentação no XXVII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência (APPIA, Maio de 2016), no formato de Poster.
Caso Clínico: As autoras expõem o caso de uma menina, F. de nove anos, referenciada à consulta de pedopsiquiatria por alteração do comportamento. Dois meses antes, e apenas em contexto escolar, iniciou a recolha de pequenos paus e folhas secas durante os períodos de recreio, e que transportava quer na mochila quer junto ao corpo; posteriormente, passou também a recolher os restos do almoço na cantina. O que recolhia levava para casa e, lá, na presença da mãe, aceitava deitar ao lixo. Tinha períodos de choro que ocorriam à noite, antes de deitar, e de manhã, antes de ir para a escola. Na escola mantinha-se distante dos pares, observando e ocasionalmente imitando as brincadeiras ao longe. Ambos os pais relatam um contexto de divórcio parental quatro anos antes, o pai refere ausência materna durante cerca de um ano e co-habitação parental de novo durante meses prévios, esta marcada por conflito parental explícito perante os dois filhos. A observação de F. é marcada por um humor melancólico-ansioso, e F. verbaliza sentimentos de saudade da mãe e do irmão e tristeza enquanto recolhe, algo que não consegue deixar de fazer.
Discussão: Enquanto o comportamento de recolha descrito retém as características essenciais de uma compulsão, as autoras compreendem o quadro psicopatológico global mais à luz de uma Ansiedade de Separação pontuada por sintomas na linha depressiva, e valorizam o sentido da compulsão em relação ao preenchimento de um vazio interior de F.. Mantêm em mente, contudo, a possibilidade de evolução para uma Depressão e/ou uma Perturbação Obsessivo-Compulsiva.
Palavras-Chave: Separação, Ansiedade, Compulsão