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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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UM PERCURSO SILENCIOSO: O MENINO INVISÍVEL

Sandra Pires1; Sílvia Pimenta 2; Inês Pina Cabral 3

1  Interna de Formação Específica de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área da mulher, criança e adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central – EPE, Lisboa
2  Assistente Hospitalar de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área da mulher, criança e adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central – EPE, Lisboa
3  Psicóloga Clínica, Área da mulher, criança e adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central – EPE, Lisboa

- XXVII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência – Histórias de Vida, Percursos de Sobrevivência: do(s) Risco(s) ao(s) Projecto(s), 18 a 21 de Maio 2016, Évora (Poster)

Introdução: Estudos recentes têm encontrado uma prevalência de 10 a 20% de problemas de saúde mental em crianças, sendo esta considerada a maior causa de problemas na infância. Tanto a genética como o ambiente e a sua intersecção interferem no crescimento e desenvolvimento da criança, sendo este por vezes ameaçado por diversos factores de risco. Os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento do aparelho psíquico que, decorrendo a um ritmo acelerado, é produto das interacções do bebé com os seus cuidadores primários sendo fortemente influenciado pelas diferenças individuais de cada criança, pela relação precoce e pelo impacto do ambiente. A implementação e manutenção de programas de intervenção precoce, com acompanhamento sistemático, devem ser considerados prioritários. Apesar da sua existência, há ainda casos que permanecem invisíveis e portanto indetectáveis.
Caso clínico: Um percurso silencioso: o menino invisível é a apresentação do caso de uma criança de quatro anos que nos aparece com dificuldades acentuadas na comunicação verbal e não verbal, com evitamento do olhar, sem responder ao nome; alheado, passivo e inexpressivo na relação e interacção com o outro e muito fraca interacção com o meio envolvente. Apesar da existência de dificuldades tão acentuadas e invasivas, qualquer sinal precoce foi invisível, chegando-nos apenas aos quatro anos e um mês de idade.
Discussão: A propósito deste caso, reflectimos sobre as várias hipóteses de diagnóstico, a intervenção delineada e implementada neste caso e da necessidade de avaliações mais precoces para melhoria do prognóstico. A prevenção dos factores de risco destas condições e das suas consequências negativas na primeira infância, constitui-se como uma prioridade para a saúde mental.

Palavras-chave: Intervenção Precoce, Prevenção, Saúde mental