Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia, CHLC, EPE
- Reunião anual da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica, Lisboa 11 e 12 de Novembro de 2016 (comunicação oral)
INTRODUÇÃO: a referenciação devido a escroto agudo por trauma é frequente em idade pediátrica. A indicação para tratamento cirúrgico é rara mas crucial para um bom prognóstico, como neste caso de ruptura testicular que relatamos.
DESCRIÇÃO DO CASO: doente do sexo masculino, 15 anos de idade, transferido de um hospital periférico para um hospital terciário por traumatismo testicular por trauma contuso em banco da bicicleta. Da observação inicial destaca-se um testículo esquerdo muito edemaciado, de consistência dura, muito doloroso à palpação, verticalizado e sem dor à palpação do cordão espermático. Do estudo ecográfico realça-se: volumoso hematoma ao nível da bolsa escrotal esquerda; normal sinal Doppler nos dois terços superiores do testículo e quase inexistente no terço inferior, mais hipoecogénico, com área de irregularidade do contorno e heterogeneidade estrutural na fronteira desses limites que se relaciona com laceração/fractura. Desta forma-se avança-se para exploração cirúrgica objetivando-se a presença de hematoma peritesticular e traumatismo de grau 3 com disrupção da túnica albugínea e laceração do parênquima, permanecendo o terço distal em continuidade com restante testículo. Manteve-se em repouso por cinco dias, verificando-se evolução clínica e imagiológica favorável tendo tido alta clinicamente melhorado. Na avaliação em consulta externa apresenta-se clinicamente bem, sem alterações ao exame objetivo após 2 meses e o estudo ecográfico nessa data evidencia testículo esquerdo com ecoestrutura heterogénea identificando-se traço do parênquima sugestivo de fratura conhecida mas com sinal Doppler mantido, nomeadamente de vascularização distal.
CONCLUSÃO: o diagnóstico de fratura testicular necessita de um alto índice de suspeição. Não implica risco de vida, mas poderá interferir com a fertilidade ou função endócrina. O tratamento é cirúrgico e o seu sucesso depende da celeridade na resposta, sendo o prognóstico melhor se abordado nas primeiras 72h.
Palavras-chave: cirurgia pediátrica, traumatismo testicular, fractura testicular