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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TRAUMATISMO RENAL – CASUÍSTICA DO HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA 2008-2014

Maria Luís Sacras, Sara Cordeiro Pereira, Fátima Alves, Rui Alves, João Pascoal

Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia (HDE), Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), E.P.E.

- XIV Simpósio APU 2016, 28-30 de Outubro, Centro de Congressos de Tróia (poster)

Introdução: O traumatismo abdominal é uma importante causa de morbi-mortalidade em idade pediátrica, sendo frequente o atingimento renal.
Objectivo: Caracterização de internamentos por traumatismo renal num hospital terciário, HDE, CHLC, entre 2008 e 2014.
Métodos: Estudo retrospectivo dos doentes internados no Hospital Dona Estefânia, com pesquisa dos diagnósticos ICD-9 863 a 868 (traumatismo do tracto gastrointestinal, fígado, baço, rim, órgãos pélvicos e órgãos intra-abdominais NCOP) e consulta do processo clínico.
Resultados: No período considerado foram internados no Hospital Dona Estefânia 26 doentes com o diagnóstico de traumatismo renal, com média de idade de 11,1 anos, sendo 73,1% do sexo masculino. Foram transferidos de outro hospital 80,8% dos doentes. Em 100% dos casos, o traumatismo renal resultou de um traumatismo abdominal fechado, por lesão desportiva (34,6%), acidente de viação (26,9%) e queda (20,8%). Hematúria macroscópica foi detectada em 57,7 % dos doentes. Em 92,3% foi feita avaliação analítica (hemograma + bioquímica) e análise sumária de urina em 61,5%. A avaliação imagiológica foi feita por Ecografia em 84,6% dos doentes e por Tomografia Axial Computorizada em 61,5%. Em 50,0% dos casos verificou-se atingimento do rim direito, com apenas 1 caso de traumatismo bilateral. Em 80,8% dos casos coexistiam lesões de outros órgãos intra-abdominais, fracturas ou lesões cutâneas. 38,5% dos doentes foram internados em Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. O tempo médio de internamento foi de 9,7 dias. O tratamento foi conservador na maioria dos casos (92,3%) e 26,9% dos doentes necessitaram de transfusão sanguínea. O controlo ecográfico da lesão durante o internamento foi feito em 80,8% e no seguimento em ambulatório (46,2%).
Discussão e Conclusão: As particularidades anatómicas em idade pediátrica condicionam uma maior incidência de traumatismos renais, sendo o rim afectado em 10% dos casos de traumatismo abdominal. São em geral de baixo grau, sendo a abordagem conservadora possível em 98% dos casos. Ainda que as últimas guidelines internacionais sugiram a avaliação imagiológica por TAC em casos de suspeita de lesão renal, este pressusposto tem vindo a ser questionado, sendo a avaliação ecográfica favorecida em situações de traumatismo ligeiro a moderado. Os traumatismo renais em idade pediátrica são maioritariamente de baixo grau, sendo a avaliação por ecografia suficiente para o diagnóstico e seguimento da maior parte dos casos.

Palavras-chave: Traumatismo renal