1. Serviço de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
2. Unidade de Infecciologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
- 2º Congresso da Área de Pediatria Médica 2016, 23-25/6/2016, Lisboa (Poster)
Introdução: Na criança, o torcicolo adquirido resulta tipicamente de lesão muscular. Menos frequentemente, pode ser causado por infeções agudas que habitualmente cursam com outros sinais de doença. A espondilodiscite cervical é uma entidade raramente evocada que pode condicionar morbilidade importante.
Descrição do caso: Lactente de 11 meses saudável, internada para investigação de torcicolo com 15 dias de evolução, sem melhoria após terapêutica com AINE. Sem contexto epidemiológico de relevo ou história de trauma. Constatou-se rotação cefálica direita, rigidez ativa cervical e limitação da extensão e rotação passiva à esquerda. Analiticamente apresentava apenas VS elevada (53mm/h). A ecografia de partes moles, radiografia e TC–CE e da coluna cervical não revelaram alterações. Foram excluídas causas ORL, ortopédicas e neurológicas. Por temperaturas de 37.5ºC, persistência de queixas álgicas apesar de analgesia fixa e agravamento analítico, realizou RMN que revelou acentuado hipersinal T2 do disco e corpos vertebrais adjacentes, edema e captação de gadolíneo, compatível com espondilodiscite C4-C5 e pequeno abcesso epidural. Foi medicada com flucloxacilina, cefuroxime e gentamicina endovenosos por 14 dias com melhoria, mantendo, após alta, cefuroxime-axetil 4 semanas. O estudo etiológico foi inconclusivo, com exclusão das causas mais frequentes (hemocultura, exsudado da orofaringe, Borrelia, Brucella, Bartonella, K. kingae e M. tuberculosis negativos).
Comentários: Pretendemos alertar para a forma de apresentação aparentemente benigna da doença, sem repercussão analítica significativa, reforçando a importância da elevada suspeição clínica para o diagnóstico e terapêutica atempados, visando reduzir os efeitos nefastos de uma evolução arrastada.
Palavras-chave: torcicolo, lactente, espondilodiscite cervical