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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TERAPÊUTICA COM LEVAMISOL NO SÍNDROME NEFRÓTICO IDIOPÁTICO – EXPERIÊNCIA DE UMA UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA

Telma Francisco1, Gisela Neto1, Raquel Santos1, Ana Paula Serrão1, Margarida Abranches1

1. Unidade de Nefrologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, CHLC, EPE

- XLI Congreso Nacional y VI Hispano-Portugués de Nefrología Pediátrica 21/5/2016, Salamanca (Poster com apresentação)

Introdução: O síndrome nefrótico idiopático (SNI) é das doenças glomerulares mais frequentes na infância, habitualmente com bom prognóstico. Quando evolui para a corticodependência (CD) ou recidivas múltiplas (RM), a exposição prolongada a altas doses de corticoide aumenta o risco dos seus efeitos adversos. O levamisol, um antihelmíntico com ação imunomoduladora, é usado como agente poupador de corticóide.
Objectivos: Caracterizar uma população de crianças com SNI CD ou RM submetida a tratamento com levamisol, comparar o número de recidivas e dose cumulativa de corticóide, 6 e 12 meses antes e durante a terapêutica com levamisol e os seus efeitos adversos.
Métodos: Estudo retrospetivo, através da consulta dos processos clínicos dos doentes com SNI tratadas com levamisol entre 1999 e 2015, na dose de 2,5 mg/Kg em 3 dias/semana, durante um mínimo de 12 meses. Avaliámos o número de recidivas, dose cumulativa de corticóide (mg/m2) e efeitos secundários do levamisol. Análise estatistica realizada com SPSS17.0® (teste T de student, p<0.05).
Resultados: De um total de 24 doentes medicados com levamisol, incluímos 19, 63.2% do sexo masculino, mediana da idade 3.9 anos à data do diagnóstico. Catorze doentes (73,6%) tinham feito ciclofosfamida e 3 (15,8%) ciclosporina antes de iniciar levamisol. Este foi iniciado, em média, aos 8.0 anos de idade (4.8-14.5) e por um período de 22.8 meses. A redução do número de recidivas foi estatisticamente significativa aos 6 e 12 meses após início do levamisol: 2.40 vs 0.84 (p<0.001) e 3.36 vs 1.68 (p=0.001), respectivamente. Em relação à dose cumulativa de corticóide, também se verificou uma redução estatisticamente significativa 2575.80 vs 1993.20 mg/m2, (p=0.031) e 5014.8 vs 3159.6 mg/m2, (p=0.002). Não se verificaram efeitos secundários do levamisol.
Conclusões: O levamisol é uma opção terapêutica segura no tratamento de crianças com SNCD ou RM, não se tendo observado efeitos adversos durante o período considerado. Verificou-se uma redução significativa no número de recidivas e na dose cumulativa do corticoide aos 6 e 12 meses pelo que, no grupo estudado, o levamisol foi uma alternativa terapêutica eficaz enquanto poupador de corticóide.

Palavras Chave: síndrome nefrótico, levamisol