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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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SÍNDROME DE GILBERT: PARA ALÉM DO PROMOTOR

Carolina Albuquerque1, Sara Nóbrega2, António Pedro Campos2, Mafalda Paiva3, Joana Afonso4, Rui Gonçalves5, Helena Flores2

1. Interna de Pediatria do Hospital Vila Franca de Xira
2. Unidade de Gastrenterologia-hepatologia e Nutrição Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE
3. Unidade de Pediatria Geral, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE
4. Unidade de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE
5. Serviço de Genética Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE

- Apresentado sob a forma de poster em sala no 17º Congresso Nacional de Pediatria, 2-4 de novembro de 2016

Introdução: A Síndrome de Gilbert (SG) é causada, na maioria dos casos, por mutação em homozigotia (inserção TATAbox) no promotor do gene da UGT1A1. Descrevem-se quatro casos de SG com diferentes apresentações clínicas e com outras mutações para além da clássica.
Casos clínicos: Lactente de 2 meses com icterícia isolada desde o terceiro dia de vida. Apresentou hiperbilirrubinémia não conjugada (HBNC) máxima aos 2 meses (13,7 mg/dl). O estudo genético revelou mutação em homozigotia TA7/TA7 e a mutação c.3260T>G no promotor. Lactente de 29 dias, internado por HBNC de 25 mg/dl com suspeita de Kernicterus. A investigação revelou mutação TA6/TA7 e c.3260T>G no promotor e as mutações exómicas c.211G>A e c.901G>A.  Rapariga de 16 anos, referenciada pela pedopsiquiatria por elevação de transaminases, após início de psicofármacos, nomeadamente lamotrigina. Destacava-se HBNC isolada prévia ao início da terapêutica (1,7 mg/dl). Após suspensão de lamotrigina, as transaminases normalizaram mas manteve HBNC intermitente. O estudo genético confirmou mutações em heterozigotia TA6/TA7 e c.3260T>G no promotor e ainda duas mutações em heterozigotia nos exões 4 (c.1207C>T) e 5 (c.1352C>T). Rapaz de 15 anos, referenciado por pólipos de colesterolose da vesícula biliar. Apresentava HBNC intermitente (1,6 mg/dl) isolada. O estudo genético relevou mutação em heterozigotia TA6/TA7 em trans com a mutação c.3260T>G.
Discussão: A SG, sendo geralmente benigna, pode aumentar o risco de colelitíase, toxicidade neurológica e hepatotoxicidade a farmácos metabolizados pela UGT1A1. Quando a suspeita é elevada ou o curso atípico, para além da mutação clássica descrita, o diagnóstico deve ser procurado por sequenciação completa do promotor e gene.de forma significativa a qualidade de vida do doente e familiares afectados.

Palavras-chave: Síndrome de Gilbert, UGT1A1