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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO INTRAUTERINO: A NUTRIÇÃO NO PERÍODO NEONATAL

Luis Pereira-da-Silva 1-3

1. Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
2. Área da Medicina da Mulher, Infância e Adolescência, NOVA Medical School | Faculdade de Ciência Médicas, Universidade NOVA de Lisboa
3. Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécico de Lisboa

- 8as Jornadas de Pediatria Hospital da Luz, Lisboa, 06/05/2016 (mesa redonda)

A restrição de crescimento intrauterino (RCIU) é uma entidade heterogénea. O critério diagnóstico mais comum baseia-se no peso ao nascer, sendo indicador “leve-para-a-idade de gestação” (LIG). No entanto, há recém-nascidos LIG que são constitucionalmente pequenos e saudáveis e alguns adequados-para-a-idade de gestação que sofreram restrição de crescimento fetal. Netses, é preciso recorrer a outros critérios para além do peso, como a redução do rácio perímetro braquial/ perímetro cefálico. Pela conformação corporal ao nascer, também é possível estimar se a RCIU se instalou no final da gestação, afetando o peso mas não o comprimento (LIG assimétrico) ou se ambos parâmetros somatométricos estão afetados por a restrição se ter iniciado mais precocemente (LIG assimétrico). Há autores que só valorizam as alterações morfológicas (LIG) quando associadas a alterações da fluxometria. Um dos desafios da nutrição precoce é o risco de enterocolite necrosante, especialmente quando se trata de recém-nascido pré-termo. Há controvérsia quanto ao tempo de pausa alimentar, pela pressuposta redistribuição de fluxo e isquémia intestinal perinatal. Nestes casos, deve considerar-se a idade de gestação e as alterações de fluxo na artéria umbilical e preferir o leite materno. Há controvérsia quanto aporte energético e proteico mais adequado pela programação metabólica que occorre no feto que sofreu desnutrição. Se a rápida recuperação pós-natal pode refletir sobrenutrição e risco de sindrome metabólica e obseidade futura, um suporte nutricional demasiadamente modesto pode comprometer a nutrição cerebral e agravar eventual processo perinatal, com consequências futuras no neurodesenvolvimento. Na dúvida, deve privilegiar-se a nutrição cerebral.

Palavras-chave: neurodesenvolvimento, nutrição, programação metabólica, recém-nascido, restrição de crescimento intrauterino