1. Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
2. Área da Medicina da Mulher, Infância e Adolescência, NOVA Medical School | Faculdade de Ciência Médicas, Universidade NOVA de Lisboa
3. Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécico de Lisboa
- 12ª Reunião Pediátrica do Hospital São Francisco Xavier, Lisboa, 06/05/2016 (mesa redonda)
O leite materno de mãe de recém-nascido muito pré-termo pode ser adequado às suas necessidades nos primeiros dias após o nascimento, mas a partir de certa altura (cerca de 2 semnas pós-natais) torna-se insuficiente em energia, proteína e micronutrientes essenciais. Manter o recém-nascido muito pré-termo alimentado exclusivamente com leite materno ou de dadora pode originar desnutrição, com repercussão negativa no crescimento somático e no neurodesenvolvimento. Para tirar partido das vantagens biológicas e anti-infeciosas do leite humano (LH) - materno ou de dadora - foram concebidos fortificantes multicomponentes (em pó ou forma líquida) que contêm macro-e micronutrientes que evitam que o mesmo se torne deficitário para sustentar as exigências do crescimento duma crinaça muito prematura. A reconstituição habitualmente recomendada na fortificação convencional, no caso dos fortificantes em pó, é de 4,4 g de fortificante/ 100 ml de LH. Habitualmente inicia-se a fortificação quando o aporte diário de LH atinge100 ml/kg. Alguns estudos demonstraram que o método convencional de fortificação não tem a esperada vantagem no crescimento. Isto deve-se ao pressuposto errado de que a densidade proteica do LH é relativamente fixa, quando efetivamente diminui com o tempo de lactação, deixando o LH, mesmo fortificado, de suprir as necessidades da criança prematura. Foram então propostos dois métodos individualizados como alternativa. A fortificação alvo, em que o fortificante é adicionado em função da composição do teor proteico e lipídico do LH, mas este método tem o inconveniente de depender de um analisador do leite e ser consumidor de tempo e recursos. Na fortificação ajustada, a adição do fortificante é ajustada à resposta metabólica da criança, isto é, ao azoto ureico (ureia plasmática) indicando urémias baixas (<9-14 mg/dl) insuficiência do aporte proteico. Por vezes, após atingir a concentração máxima recomendada de fortificante multicomponente, o aporte proteico afigura-se insuficiente. Neste caso, pode recorrer-se á adição de suplemento modular de proteína ao leite fortificado. É preciso ter em conta que a adição destes suplementos se associa ao risco de elevar a osmolaridade do LH para níveis indesejáveis.
Palavras-chave: fortificante, leite humano, métodos de fortificação, nutrição, recém-nascido pré-termo