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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PROVAS DE PROVOCAÇÃO ORAL COM BETALACTÂMICOS EM DOENTES COM REAÇÃO NÃO-IMEDIATA: COMPARAÇÃO DE DOIS PROTOCOLOS

Nicole Pinto1, Ana Castro Neves1, David Pina Trincão1, Ana Margarida Romeira1, João Gaspar Marques1,2, Pedro Carreiro Martins1,2, Paula Leiria Pinto1,2

1- Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Rua Jacinta Marto, Lisboa, Portugal
2- CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School, Campo dos Mártires da Pátria, 1150-190 Lisboa, Portugal

Reunião Nacional
- 36ª Reunião Anual da Sociedade de Alergologia e Imunologia Clínica, de 7 a 9 de Outubro de 2016
- Apresentado sob a forma de comunicação oral

Resumo:
Introdução: Os betalactâmicos são dos fármacos mais frequentemente associados a reações adversas medicamentosas mediadas por mecanismos imunológicos. As provas de provocação são consideradas o gold standard no diagnóstico de alergia. No entanto, não é consensual qual o tempo de duração mais adequado.
Objetivos: Pretendeu-se comparar os resultados das provas de provocação oral (PPO) a betalactâmicos de 2 protocolos distintos, em termos de duração, em doentes com história de reação não imediata.
Métodos: Os protocolos consistiam em: Protocolo 1 – administração em doses crescentes em meio hospitalar, até se atingir dose de tratamento (duração de uma manhã); Protocolo 2 - administração em doses crescentes em meio hospitalar, até se atingir dose de tratamento, seguido de continuação da administração no domicílio (mín. 3 dias). Avaliaram-se retrospetivamente os processos dos doentes com história de reação não imediata, que efetuaram PPO com o mesmo antibiótico implicado na reação reportada, entre Janeiro de 2014 e Junho de 2016.
Resultados: Efetuaram-se 111 PPO, 53% em doentes do sexo feminino. A mediana de idades à data de reação foi 4 anos (p25-p75: 2-14,5 anos). Em termos de gravidade, 44% tinha história de reação ligeira, 54% de moderada e 3% grave. O dia de tratamento em que se iniciou a reação reportada, apresentou uma mediana de 3 dias (p25-p75: dia 3 – dia 5). Os antibióticos associados com a reação, e com os quais se efetuou PPO, foram em 51% dos casos a amoxicilina com ácido clavulânico, em 46% a amoxicilina e em 3% cefalosporinas. Dos 57 doentes que efetuaram PPO de acordo com o Protocolo 1, quatro (7,5%) foram positivos. Das 54 PPO do Protocolo 2, cinco (10,2%) foram positivas. Não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre os protocolos em termos do resultado da PPO (p= 0,931), gravidade (p= 0,934) e idade da reação (p= 0.734) reportadas.
Conclusão: A frequência de PPO positivas foi baixa na amostra estudada. Não se observaram diferenças significativas em termos de positividade da PPO. Os resultados sugerem que ambos os protocolos poderão constituir opções válidas na abordagem diagnóstica das reações não imediatas, no entanto são necessários mais estudos com um número maior de doentes.

Palavras Chave: Alergia, beta-lactâmicos, prova de provocação oral