Serviço de Ortopedia, Centro Hospitalar Lisboa Central – Hospital Dona Estefânia
- 4º CONGRESSO NACIONAL DE ORTOPEDIA INFANTIL - XXI JORNADAS DE ORTOPEDIA INFANTIL, Braga, 10-12 de março 2016 (poster)
Objectivos: o objectivo dos autores consiste em apresentar um caso clínico invulgar de osteomielite subaguda da tíbia com abcesso de Brodie.
Métodos: os autores apresentam um caso clínico baseado nos registos clínicos e nos estudos analítico, microbiológico, histológico e imagiológico.
Resultados: doente do sexo masculino, 14 anos de idade, caucasiano, recorreu à consulta por dor e edema do terço distal da perna com cerca de 4 meses de evolução, sem febre ou sintomas constitucionais acompanhantes. Analiticamente apresentava VS aumentada e PCR normal. O estudo imagiológico revelou uma lesão osteolítica da metáfise e epífise distal da tíbia, sem interrupção da cortical e sem reacção periostal. A cintigrafia era compatível com lesão benigna de baixa actividade. Foi submetido a biópsia aberta, limpeza e desbridamento cirúrgico da lesão. O estudo microbiológico isolou Staphylococcus aureus meticilino-sensível e o estudo anátomo-patológico foi compatível com a hipótese diagnóstica de osteomielite. Cumpriu ciclo inicial de antibioterapia EV de 3 dias de gentamicina e 10 dias de flucloxacilina seguido de 6 semanas de flucloxacilina oral com resolução clínica, analítica e imagiológica do quadro.
Conclusão: o abcesso de Brodie é uma forma subaguda de osteomielite que resulta numa colecção de osso necrótico e pús limitada por uma cápsula fibrosa e circundada por tecido de granulação. Ocorre mais frequentemente nos ossos longos de adolescentes e apesar de poder ser identificado numa radiografia simples, é na ressonância magnética que assume uma aparência distinta. Embora a VS esteja geralmente elevada, pode ser normal. O tratamento envolve a drenagem cirúrgica seguida de terapia antibiótica.
Relevância: o caso clínico de osteomielite subaguda relatado pelos autores apresenta-se associado a um abcesso de Brodie que se manifesta radiograficamente como uma lesão osteolítica. Representa assim um desafio diagnóstico exigindo o diagnóstico diferencial com patologias infecciosas granulomatosas, tumores ósseos e lesões ósseas “tumor-like”.