1 - Serviço de Cardiologia Pediátrica. Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar de Lisboa Central EPE, Lisboa
2 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Mulher, Criança e Adolescente. Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
Divulgação: XIX Reunião da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Coimbra. 25/05/20I6. (poster)
Resumo:
Introdução: Em 2009 a OMS identificou uma nova estirpe de Vírus Influenza (H1N1) que apresentou. relativamente à gripe sazonal. maior repercussão na população pediátrica. A maior pane dos indivíduos apresenta formas ligeiras de doença. estando contudo descritas complicações associadas a elevada morbimortalidade e a uma maior necessidade de hospitalização em unidades de cuidados intensivos pediátricos (UCIP).
Objetivos: Analisar características demográficas, clínicas e analíticas dos doentes admitidos na UCIP do Hospital Dona Estefânia, com infecção a H1N1, no período de 2009 a 2016.
Metodologia: Estudo observacional retrospetivo com análise estatística descritiva. Foram analisados todos os doentes admitidos na UCIP com pesquisa de H1N1 positiva (método rtPCR). Estudaram-se as variáveis: uso. idade. proveniência. manifestações clínicas. alterações analíticas. comorbilidades. estado vacinai duração de internamento. complicações. terapêutica e mortalidade.
Resultados: Avaliados 20 doentes, com idade média de 5,9 anos (1 mês - 18 anos), sendo 12 do sexo masculino. Verificou-se um maior número de internamentos em 2009 (4), 2011 (5) e 2016 (8) com predomínio no mês de janeiro (8). Metade dos doentes foram transferidos do mesmo hospital (25% do SU e 25% de enfermarias). As manifestações mais frequentes foram a febre (19) e a sintomatologia respiratória (17). Apenas 5 doentes tinham contexto epidemiológico e nenhum tinha efetuado a vacina anti-influenza. Os motivos de admissão na UCIP foram maioritariamente de causa respiratória (17), cardiovascular (6) e neurológica (2). Dos doentes admitidos, 14 tinham patologia crónica. As alterações analíticas mais frequentes à admissão foram anemia (11), linfopenia (10) e trombocitopenia (8). O padrão pulmonar radiográfico predominante foi um infiltrado intersticial bilateral (9). As complicações mais frequentes foram do foro respiratório. nomeadamente pneumonia bacteriana (7). pneumotórax (8) e ARDS (2). Ocorreu falência de órgão em 60% dos doentes (respiratória 7; cardiovascular 4; hematológica 3 e neurológica 2). Houve necessidade de suporte ventilatório em 16 doentes (invasivo em 11). de suporte aminérgico em 5 e de ECMO em um. Dezanove doentes fizeram terapêutica na UCIP com oseltamivir. Verificaram-se 3 óbitos, todos em 2009, em doentes com comorbilidades.
Discussão/ conclusão: O maior número de doentes verificou-se em 2009 e 2016. Todos os óbitos ocorreram em crianças com patologia subjacente. No ano de 2016 as complicações severas ocorreram maioritariamente em crianças saudáveis. A presença de comorbilidade na idade pediátrica influencia de forma significativa a gravidade desta doença e chama a atenção para o cumprimento da recomendação da vacinação pela DGS.
Palavras Chave: Influenza, H1N1, Cuidados Intensivos Pediátricos.