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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Infecção Ocular Herpética na criança – diagnóstico e seu tratamento

Guilherme Neri Pires, Nuno Coelho, Joana Cardigos, Ana Paixão, Margarida Marques, Alcina Toscano

Serviço Oftalmologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central

Comunicação oral
- 59º Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
- 8 a 10 de Dezembro de 2016
- Coimbra

Introdução: O vírus Herpes simplex-1 (HSV-1) está presente em 50-90% da população e é a principal causa de cegueira a nível mundial. A população pediátrica, comparativamente ao adulto, tem uma maior incidência de doença estromal, apresentado uma maior taxa de recorrência, com maior risco de erros refractivos e consequente desenvolvimento de ambliopia. É, portanto, mandatório um diagnostico precoce e a instituição de uma terapêutica eficaz.
Material e Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva dos dados de crianças diagnosticadas com infecção herpética ocular, seguidas na consulta externa de oftalmologia pediátrica do CHLC - Hospital São José. Os dados analisados incluíram idade de apresentação, sexo, sintoma inicial e tempo para o diagnóstico, tratamento efectuado e sua duração, melhor acuidade visual corrigida final e comorbilidades apresentadas. O diagnóstico foi baseado em características clínicas. A informação foi recolhida através do programa S Clínico e a análise estática foi realizado recorrendo ao programa Microsoft Excel.
Resultados: Foram avaliados os dados de 13 crianças com diagnóstico de infecção herpética ocular. A idade média do início da doença foi de 5,2 anos e o seguimento médio de 8,5 meses. O tempo médio para o diagnóstico foi de 11 dias. A apresentação mais comum foi o atingimento palpebral unilateral em 8 casos (61%), 4 (30,7%) com queratite epitelial associada. Dos outros 5 casos, 2 apresentaram queratite epitelial (15%) e 3 estromal (23%). Três dos 5 doentes que realizaram exclusivamente terapêutica tópica tiveram recorrência da doença palpebral. Das 13 crianças, 8 (61%) realizaram terapêutica oral (5 ab initio, 3 após recidiva enquanto terapêutica tópica exclusiva), mantendo-se 4 (30,7%) com tratamento prolongado. Deste grupo apenas um sofreu recorrência da doença. Doze dos 13 doentes obtiveram uma acuidade visual final superior a 20/40, sendo a média de 0.82.
Conclusão: A infecção ocular herpética na criança constitui um desafio diagnóstico e terapêutico. O risco de erros refractivos e de ambliopia associados condicionam um prognóstico funcional reservado salientando-se a importância do tratamento adequado e seguimento destes doentes.

Palavras-chave: herpes ocular, criança