1 - Serviço de Pediatria, Hospital de São Bernardo, Centro Hospitalar de Setúbal
2 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia – Centro Hospitalar de Lisboa Central
17º Congresso Nacional Pediatria, 2-4 Novembro 2016, Porto (Poster)
Acta Pediátrica Portuguesa Vol. 47, Supl Nov 2016 (resumo)
Introdução / Descrição do Caso: A infeção a Vírus Epstein-Barr (EBV) é frequente em crianças, tendo em geral evolução benigna e auto-limitada. Raramente tem envolvimento neurológico, estando o EBV descrito como agente causal em cerca de 2 a 5% dos casos de encefalite e meningite virais em pediatria. Lactente de 19 meses, género masculino, saudável. Observado na urgência pediátrica por convulsão tónico-clónica generalizada, em pico febril, com duração de 30 minutos. Apresentava febre intermitente, prostração e recusa alimentar com 2 semanas de evolução. À observação parésia facial central e hemiparésia esquerdas. Analiticamente, a referir leucocitose com neutrofilia, PCR 12mg/dL; tomografia computorizada crânio encefálica (CE) sem alterações; eletrencefalograma (EEG) com atividade paroxística fronto-temporal bilateral, de predomínio esquerdo. O exame citoquímico do líquor (LCR) revelou 40 células, 95% linfócitos, sem outras alterações. Por suspeita de meningoencefalite, iniciou terapêutica empírica endovenosa (EV) com Ceftriaxone, Ciprofloxacina e Aciclovir. A ressonância magnética CE demonstrou na região fronto-parietal direita hipersinal nos sulcos da alta convexidade com reforço do sinal no revestimento dural na mesma região. A polymerase chain reaction no LCR foi positiva para EBV e as serologias compatíveis com infeção aguda, pelo que completou 11 dias de terapêutica com aciclovir EV. Na sua evolução destaca-se a ausência de sequelas neurológicas e um EEG sem alterações.
Comentários / Conclusões: A meningoencefalite por infeção primária a EBV é rara em crianças imunocompetentes. A tríade de febre, prostração e convulsão prolongada em pico febril aumentaram a suspeição clínica. A abordagem terapêutica permanece controversa. No entanto, a evolução clínica é habitualmente favorável